sábado, junho 23, 2007

VIRUS Ataca!

- Senhor, como temíamos... Eles estão se movimentando. - disse um homem ao abrir a porta de solavanco, nervoso como o arregalar de seus olhos demonstrava.

Do outro lado da mesa, um senhor de terno e gravata, feição despreocupada e bigode esbranquiçado se deliciava com um drinque de uísque. Por sobre a mesa, papéis e mais papéis, alguns cigarros, uma caixa de charutos e dois computadores.

- Então eles andam se movimentando? Qual o destino? - o homem perguntou como se já soubesse a resposta. O desdém do velho perante o nervosismo do homem que acabara de chegar denunciava que este último sabia algo a menos, ou, claro, que o mais velho já havia desistido de se preocupar.

- Servidores 337, 557, e 777. Foram nossos últimos registros confiáveis. Já colocamos uma equipe de neutralização na rede, mas, senhor... não acreditamos que será suficiente. - o homem sentou na primeira cadeira que viu. Sua face apontava pavor.

- Meu jovem sr. Juhner. Por que se preocupa tanto? - o velho disse dando-lhe um drinque recém-preparado.

- Por quê? Senhor... Eles não vieram para brincar. Se não fizermos algo logo, tudo pode estar em xeque! - em um gole só o alto executivo da Nostalgic Inc. bebeu tudo.

- Não acredito nisso. Existem muitos grupos trabalhando nas Redes. Mas, o grupo de NoMore, esse hacker desgraçado, não viria até nós. Provavelmente eles procuram outra coisa e, claro, provavelmente (tomara) este nem seja o grupo VIRUS. - o homem recostou na cadeira e acendeu um charuto. - o VIRUS é grande e perigoso demais para se meter conosco, que apenas programamos para terceiros. Não é possível!

- Desculpe senhor. Não sou pago para me arriscar tanto. Já que não liga, eu não posso fazer nada para ajudá-lo. - Juhner se levantou, pegou a pasta, guardou alguns papéis e saiu apressado.

Auguste Marceau não dera a mínima para as palavras de seu assessor. Continuou fumando lentamente. Até que, subitamente, pareceu ter-lhe passado algo na cabeça e rapidamente saiu da sua cadeira, pegou um catálogo grosso, cheio de números e nomes e passou a lê-lo. Em um instante, ao atingir certa página, leu a seguinte informação: "777:251:30-70 - CONTROLE DOS ELEVADORES".

Assustado com isso, acessou o servidor e pediu acesso ao Setor 777:251:30-70. "SEU LOGIN E SENHA NÃO ESTÂO CORRETOS! TENTE NOVAMENTE!"

"Meu deus! Eles já estão aqui. Juhner!!!" - Marceau pensou. Tentou acessar outro ponto de conexão. Nada! Por sorte, uma das câmeras do sistema de segurança não podia ser bloqueada. Acessou-a. Viu o jovem Juhner no elevador. Ele parecia não saber de nada.

Gritou pelo nome dele, mas a câmera só reproduzia a imagem. Nada poderia ser feito. Até que se lembrou de ligar para seu aparelho celular. Viu Juhner ounvindo o aparelho. Logo o jovem executivo atendeu o telefone, com certa impaciência.

Marceau só teve tempo de dizer algumas palavras. E elas foram: "Saia já desse elevador!" - gritadas com toda sua força. Juhner não sabia o que estava acontecendo. Pensando ser um tipo de ordem que seu patrão lhe dava por ele ter se acovardado, desligou o celular e fez gestos obcenos pela câmera de segurança do elevador.

Foram os últimos gestos de Juhner. De repente houve um balanço forte no elevador, como se algo se soltasse. Outro puxão. O executivo se desesperou. E quando conseguiu forçar a porta para abrí-la um pouco, os cabos se desconectaram da caixa do elevador. Ele caiu 50 andares antes de explodir no hall.

A segurança do prédio se alarmou. Um dos seguranças subiu diretamente até a sala de Marceau e chegou até sua sala com arma em punho.

- Senhor! Algo está acontecendo. Ouvi disparos lá embaixo. Vamos logo, devo levá-lo para o helicóptero.

Marceau não perdeu tempo. Abriu a maleta e guardou alguns papéis. Jogou uísque nas máquinas e nos papéis. Tentou atear fogo, mas nada aconteceu. Enquanto isso o guarda o alarmava e pedia que se apressasse.

Quando Marceau finalmente se aprontou, deu a volta pela mesa e foi em direção ao guarda que já abria a porta para o corredor. Assim que saiu, três disparos ecoaram pelo último andar. O guarda foi arremessado contra a porta e caiu no interior da sala da presidência, já morto.

Marceau se desesperou ao ver o corpo. Voltou para a sala e se apoiou na mesa. Por perto já ouvia os passos de alguém. Eram passos pesados. E também ouvia o recarregar de uma arma. O barulho terminou exatamente quando pela porta passou um homem vestido com uma jaqueta camuflada, botas de soldado, calças de couro negro e um par de óculos escuros. Ele apontou a arma para a cabeça de Marceau e perguntou:

- Você é Auguste Marceau, presidente da Nostalgic Inc., contribuidor do projeto X-DREAM?

O velho, assustado, respondeu:

- Sim... Mas o que você... - antes que suas palavras terminassem, o estrondo de um único disparo percorreu a sala ao passo que a janela ao fundo se estraçalhava com o impacto do tiro. Enquanto os cacos de vidro mergulhavam no vão prédio abaixo, o corpo de Marceau caía por sobre a mesa. Seus olhos estavam congelados, em um rosto apavorado. Uma única bala acertara-lhe a cabeça bem entre os olhos.

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