quarta-feira, agosto 02, 2006

Fugindo da questão do espaço, caindo na do Conhecimento!

O espaço da Internet é infinito. Por mais que possamos crer que não seja, ele é... Mesmo que uma pane elétrica tome nosso acesso à rede, ela ainda estará... Mesmo que nossos computadores sejam destruídos e nosso material publicado seja perdido, a rede ainda estará. A Internet veio para ficar, e, de fato, talvez possamos nós concluir que assim como o Novo Mundo ela não foi inventada, foi descoberta... Tudo mera questão de tempo.

Quem aqui não se lembra dos serviços telefônicos que propunham comunidades de amigos para bate-papo? Esse tipo de serviço cresce com uma necessidade potencializando-o. Essa necessidade foi apenas englobada pela internet. O espaço Internet é um fractal eterno, em desesperada e desenfreada expansão. Nós, simples navegadores destes mares revoltos e tempestuosos, apenas podemos seguir a maré, pois não há como sair dela. Estar fora da Internet hoje, para quem nela já navegou, é como estar fora de um mundo com o qual já se sonhou.

Mutilada por serviços de pornografia e ilegalidades, por situações pouco agradáveis e por mentiras calamitosas, a Internet ainda resiste e ganha cada vez mais espaço, e se torna cada vez mais espaçosa. O que a mantém de pé é a busca humana por conhecimento e tecnologia, a mesma busca que se fortaleceu com o uso do fogo, com a fundição, com o trato da terra, com a invenção do antibiótico, do avião, das vacinas, bombas nucleares, da música, da poesia... E esta busca não pode ser parada.

Essa busca alimenta o avanço tecnológico, que, em um chip do tamanho de uma moeda, pode armazenar milhares de vezes mais informação que as maiores bibliotecas da antiquidade. Isto é: conhecimento. Conhecimento para todos que saibam buscá-lo. E quando se trata da perpetuação do que nos mantém vivos, não vale a pena pensar nas mecanicidades do meio, e sim nas consequências de seu fim. Na Rede pode-se encontrar desde receitas de doces até manuais de terrorismo do século XXI. Eis aí um espaço da consciência e da fisicidade, um espaço que pode ser vigiado, mas não pode ser impedido. E se o que se quisesse vigiar pudesse-se impedir não haveriam sido derrubados dois edifícios há uns anos atrás.

Alvorecer de TEMPUSFUGERE

Bem...
Meu grande amigo Fábio retomou o vasto propósito do TempusFugere da melhor maneira possível imaginada no ato da criação deste espaço: EXTREMADA.

Todos os pontos levantados nas colocações do meu amigo são valiosíssimos para a discussão que tem como palco muito mais que ambientes virtuais e reais, mas sim, os momentos de encontro entre os homens. Tal discussão se assemelha com os pilares de uma ponte equilibrada em arcos: grandes vãos terminam em uma imensa coluna, que antece novos vãos. Entendamos tais vãos como os milésimos de segundo que fomentam uma invenção ou os milênios que consolidam um império... As colunas são nada mais nada menos que os abrigos onde se encontram as idéias, os ideais e aqueles dispostos a pensá-los.

Cá, no TempusFugere, talvez sejamos uma partícula da areia usada em uma dessas colunas, e, embasados em grandes blocos (pensadores e outros movimentos) encontramos um jeito de discutir, com alguma lógica e convicção, aquilo que aqui se faz como pauta. Mas jamais estaremos nós, meros mortais, libertos das rajadas de ventos que cruzam estes vãos e trazem idéias novas e antigas, algumas vezes carregadas com alguma nova partícula bem-vinda ao nosso amálgama.

Antes de rebater, concordar, discordar, lastimar ou venerar as colocações do Fábio, assim como as futuras, dos demais colegas, resolvi fazer este texto, na tentativa de injetar adrenalina nessa nossa discussão, e nas vindouras.

E como diria o Grande Imperador Julius Caesar: ALEA JACTA EST!

Tentativa de Brainstorming sobre o espaço-internet (ou, somente, maluquices de um estudante de filosofia)

Bom, como um cara que não sabe nada de Internet, mas que quer pensar a respeito, digo que é esse espaço novo que vemos surgir aí o mais interessante sobre essa mudança toda – coisa bastante óbvia. Mas me parece interessante lembrar que essa não é a primeira vez que a história presencia assim um surgimento de um “novo espaço”. É certo que temos logo de princípio o espaço físico, o espaço dos corpos e tal, o espaço dos nossos olhos. Temos, seguindo a isso (mas não quero aqui me comprometer com nenhuma seqüência lógica ou histórica desses fatos, estou apenas dispondo os termos), o espaço da consciência, o espaço da memória, do sonho, da imaginação, da conversa com “deus” e do solilóquio. É certo que esse espaço da consciência se assemelha em certos pontos com o físico, mas há aí ainda muito a se pensar: as leis desses espaço, seus limites e etc. E vemos agora o surgimento desse outro espaço, o da internet – diria virtual? Não estou certo se seria esse o melhor nome, pois virtual em filosofia (não sei nada sobre Deleuze) se remete ao que é em potência, virtus = força; espaço cibernético, talvez, mas isso soa a filmes de ficção. Deixa isso pra lá.
Temos um novo espaço, e como se vê no que eu disse sobre os dois exemplos anteriores de espaço, o físico e o da consciência, um espaço pode ser entendido como, obviamente, um lugar onde há uma ação. Eu aperto as teclas desse teclado aqui e sigo as leis mecânicas nisso; penso e converso comigo mesmo, imagino a cara do Pedro lendo essa baboseira toda e até escuto a voz de deus, seguindo algumas leis aí, umas leis ainda difíceis de serem interpretadas; e eu estou prestes a publicar esse palavrório todo num blog, um lugar de encontro, uma esquinazinha dessa teia aí, e devo ser, nisso tudo, regido por outras leis, muito matemáticas mas também muito místicas (como um amigo engenheiro de computadores outro dia me disse), as leis desse outro espaço, a internet.
Mas não estaria tudo isso, todo os outros dois espaços de que eu tanto falo, todos os dois, a consciência e a internet, limitados de certa forma pelo outro espaço, o espaço mesmo, o físico, pois que se uma bala de revólver se entranhar nesses meus miolos esse meu dialogozinho comigo mesmo, e todas as cenas que eu poderia estar a imaginar desaparecerão instantaneamente – a não ser que queiramos imaginar que a minha consciência irá criar asinhas e voar ao céu para se juntar às outras consciências, inclusive a consciência barbudona de deus, nesse caso o entranhamento da bala de revólver não significaria nada além de uma mudança de espaço do espaço da consciência – mas pode isso, mudar de lugar o espaço? Polémico isso, só 10 mil anos de brigas a respeito da vida eterna: deixa isso pra lá. Penso eu, então, que o espaço que eu chamava de consciência se limita ao funcionamento ainda inexplicado do cérebro.
De forma análoga, se houver uma pane mundial nos sistema de distribuição elétrica, talvez isso limite também o funcionamento do cyber-espaço e teremos que dar adeus a esse espaço também.
Como surgiu esse cyber-espaço? E como surgiu o espaço da consciência. Tentando ver nisso tudo alguma relação com a história, as causas do surgimento de tanto um desses espaços quanto do outro devem ter sido causas físicas, uma causa do espaço físico, pois tanto não se concebe o espaço cibernético antes dos computadores e toda a história de desenvolvimento deles, quanto também eu não imagino o espaço de uma consciência antes de haver cérebros e toda a história de evolução deles ( a não ser, de novo, que entremos com deus nessa equação, o que só complica a vida de todo mundo).
Estão, portanto, esses dois outros espaços limitados pelo espação. E é interessante tentar ver como, a partir do plano desse espaço físico se foi surgindo um novo espaço, como se com uma verruma, uma furadeira se fosse furando o plano desse espaço sem que se pudesse vará-lo do “outro lado”, e esse “outro lado” seria o “outro espaço” (como aquela cena do Matrix quando o Neo coloca o dedo dentro do espelho, só que seu dedo não sai do outro lado do espelho, mas sai em outro espaço, a matrix.)
E falar de Matrix me lembra outra questão, muito corrente esses dias: a da interação cibernético-cerebral, como a que vemos no filme. Hoje em dia vemos membros mecânicos que são desenvolvidos a adaptarem-se maravilhosamente aos impulsos eletrônicos do cerébro. Assim, parece não tardar muito o tempo em que se poderá daqui de Campinas apertar a mão do Pedro aí em Belo Horizonte (ou mesmo nem precisaria ser a sua mão física, mas uma outra mão virtual sua, que transmitira ao tenebroso cérebro daquele ilustre itaunense o mesmo aperto). E depois serão cheiros, gostos, que mais? Não dizia aquele Judas do Matrix (Cypher?) que mesmo sabendo que o bife era uma série de informações de computador, ainda assim, valia a pena?
Isso tudo pra falar de outra coisa. Um dos sérios problemas dos espaço físico é sua fisicidade. Há o longe, o perto, o limite temporal, a necessidade de se construir prédios para alojar a crescente população, a necessidade de um espaço de trabalho, a necessidade de se colonizar a lua, marte e etc... – enfim, não parecem as propriedades elas mesmas do espaço físico uma constante ameaça, um constante obstáculo a um possível estabelecimento de uma intercomunicação-total da humanidade? Uma igualdade entre os homens?
A internet poderia, assim, agir como um efeito equalizador entre os homens: estão todos à mesma distância uns dos outros, têm o mesmo tamanho, enfim, são todos sujeitos cybernéticos... mas isso soa a baboseira. Quem seria tão marxista a imaginar que relações de poder iriam assim dissolver-se todas em direção a um “novo” comunismo? Mas se olharmos por outro lado e imaginarmos que as relações de poder encontrarão seus meios de manterem sua existência (um melhor computador, um melhor código cybernético) vemos assim que mesmo esse surginte espaço produz nele mesmo suas próprias negações, (coisa parecida com aquilo do Matrix, de o próprio sistema gerar sempre um Neo e um Smith à altura) de forma a manter as coisas, mesmo mudando-as de lugar, num patamar semelhante ao anterior.
O que também devemos dizer que aconteceu no caso do espaço-consciência, que poderia ter se tornado o livre império da subjetividade, mas vemo-nos ainda, e toda a história da humanidade é disso prova, em constantes embates contra e a favor do pecado e dos desejos, da vontade e da repressão, da religiosidade, da estética, da ciência, etc.
Ou seja, esse último ponto encerra uma questão antiga: há progresso? Não digo sobre essa ilusão de progresso tecnológico, mas a questão: saímos do lugar, ou giramos apenas em círculo, tendo a impressão de nos movermos, mas em verdade giramos sob um mesmo ponto. Se esses novos sistemas de espaços trazem consigo numa mão uma nova esperança de liberdade, noutra eles trazem novas possibilidades de domínio; novas leis e novos crimes; novos senhores e novos escravos...
Já disse coisas demais sem dizer nada, e mesmo assim, ainda há tanto a dizer! Mas se eu continuar nesse palavrório sem fim, que diálogo é que virá?
Acho que pensar sobre as leis que regem a internet deve ser como pensar sobre as leis da mecânica antes de newton, ou como pensar sobre o funcionamento psicológico antes de freud...Como eu não conheço nada de internet e tenho minha cabeça atormentada por caras como Hegel e Nietzsche ao mesmo tempo, que a tarefa de pensar sobre essa coisa, a internet, seja sua, Pedro, mais do que minha. Do contrário a internet estará perdida...

quinta-feira, abril 27, 2006

O Saguão

Zraninsk e Maren caminharam por um grande corredor, onde somente duas portas existiam. Uma, de onde vieram, e outra, para onde iam. O sr. Moreau, diretor técnico da MagnaNet, caminhava à frente. Seus passos eram rápidos e ele manuseava freneticamente um cartão magnético, fazendo-o passar de dedo em dedo. Zraninsk sutilmente esbarra em Maren e indica com um olhar as mãos nervosas do homem à frente deles.

Maren, um veterano na Agência, já havia notado. O nervosismo indicava que as palavras diretas dele surtiram efeito no diretor. Atentando para o caminhar rápido do diretor, Maren também percebeu que ele queria que os inspetores saíssem logo dali, e, por isso, apressava-se em levá-los onde queriam, para que quando mais cedo chegassem, mais cedo saíssem. Bem, isso é o que, pelo menos, esperava o diretor Moreau.

Quando chegaram finalmente até a porta, o sr. Moreau passou o cartão num dispositivo de segurança e a trava foi liberada. A grande porta se abriu e, logo após o primeiro jogo de escadas rolantes, os inspetores se surpreenderam com o que viram. Um grande saguão, realmente enorme. Grandes máquinas muito bem refrigeradas estavam ligadas e uma série de funcionários fazia um trabalho de observação nos medidores de cada uma. Estavam atentos às pranchetas eletrônicas que carregavam, conectadas às máquinas gigantes. Dali, destas pranchetas, mantinham o sistema da Rede VI funcionando. Os inspetores caminharam por uma plataforma que circundava todo o saguão. Dali viram que eram quase trinta corredores, dispostos de maneira circular, que se encontravam no centro do saguão, onde havia uma sala com paredes negras e uma única porta vermelha. Lá, ao centro dos corredores, estava o cérebro do mainframe. Apenas um terminal ligava qualquer um a qualquer lugar mantido pela ou na Rede VI.

Os funcionários, vestidos com uniformes brancos e máscaras de gás (para evitar problemas com um acidental vazamento do gás refrigerador) pareciam outras máquinas. Seus movimentos eram sutis e metódicos, quase maquínicos. Lá de baixo, um deles, com um símbolo diferente no uniforme, percebeu a entrada dos inspetores e do sr. Moreau e veio logo em direção a eles.

- "Como vão senhores? Algum problema sr. Moreau?" - aproximou-se retirando a máscara e o capuz, cumprimentando-os todos com um forte aperto de mãos.

- "Sr. Coddans, estes são os inspetores da Agência de Repressão ao Ciberterrorismo. Inspetor Zraninsk e Inspetor Maren. Vieram dar uma verificada nos nossos computadores e..." - antes que o sr. Moreau terminasse de falar o inspetor Maren interferiu.

- "É um prazer conhecê-lo, sr. Coddans. Na verdade eu e meu parceiros não viemos apenas 'dar uma verificada' nas máquinas. Viemos conhecê-las. Analisar cada uma das estruturas que mantém a Rede VI funcionando. Percebemos uma máscara nos nós de conexão que apontava para uma rede beta. O sr. Moreau nos informou que de fato há realmente uma rede beta, uma espécie de backup. A existência dessa rede é legal, mas seu funcionamento simultâneo com a outra não é. Mas já que os ataques aconteceram, suspeitamos que alguém teve acesso à rede beta e dela fez o ataque." - O inspetor Maren falava com clareza e saboreava cada uma das palavras. Sua precisão na utilização delas assustava e nenhuma falha em suas frases poderia incomodar. Não havia duplo sentido ou erros de sintaxe.

- "Bem inspetor. Realmente a rede beta foi ligada quando percebeu a duplicação inicial de alguns nós. Ela é mantida em stand by mas possui sensores na rede alfa. Qualquer anormalidade a ativa instantaneamente." - Coddans parecia ter decorado sua fala, como se fosse um guia turístico. Isso incomodava Maren. - "Além disso, o inspetor deve saber que as novas regulamentações da ARC permitem a manutenção simultânea de uma rede beta, somente não permite que ela esteja simultaneamente conectada à outra. Outro ponto que acho que deveria saber é..." - Maren interferiu na fala do funcionário rapidamente.

- "Com todo respeito sr. Coddans, não creio que seja necessário alertar-me sobre as normatizações e burocracias da ARC." - afirmou com certo desdém.

- "E por que o sr. acha que não, inspetor?" - retrucou Coddans de maneira inquisitória. Sua mão esquerda fechada e firme indicava tensão. A outra estava ocupada retirando o telefone celular do bolso da calça, por dentro do uniforme.

- "Por que eu fui o consultor geral da ARC quando escreveram essas normas. De maneira mais clara, eu as finalizei." - o inspetor respondeu passando pelo sr. Coddans, apoiando-se no parapeito de metal, fixando seus olhos nas paredes negras ao centro do saguão. - "Acho melhor o sr. Coddans nos levar até onde desejamos, sr. Moreau." - falou voltando-se para trás, chamando Zraninsk que apenas aguardava calado, segurando uma risada sarcástica pela qual Coddans pagaria alto para não ter que ouvir.

- "Certamente, inspetor. Certamente." - respondeu com voz baixa, quase arrancada por entre os dentes, rangentes de raiva. - "Coddans, acompanhe os inspetores. Mostre-os todo o saguão."

quarta-feira, abril 26, 2006

Controle Total

- "Pai!!! O que aconteceu com a tela?" - gritava o garoto enquanto manuseava os dedos pelo sensor plasma. - "Não consigo acessar nenhum link!" - repetia deslizando os dedos sobre o sensor, navegando pela página web aberta.

Quando o pai chegou no quarto e percebeu a mensagem na tela, rapidamente correu para a tomada e desligou todo o computador. O site estava travado e uma janela de alerta havia sido aberta com os seguintes dizeres: "Informação não é moeda de troca, é liberdade e direito. Você foi recrutado!" A mensagem por si só já era assustadora, mas o temor maior vinha logo abaixo do texto, em uma imagem pequena e simples, na verdade, uma sigla estilizada. A sigla era NFF.

- "O que é NFF, pai?"
- "Nada meu filho. Você é muito novo para entender esses loucos que vivem por aí. Amanhã vamos comprar uma vacina pra nossa máquina. Até lá acho melhor manter o computador desligado, ok?"

O garoto se chamava Marco Fuentes, tinha 13 anos. Nascido e criado no mundo conectado. Aprendeu a ler bem antes dos outros meninos. Aos 12 anos já havia feito seu primeiro site, algo não muito diferente para sua idade. Mas a questão é que o site que ele desenvolveu tinha uma estrutura de programação sofisticada demais para sua idade. Coisa que alguns bons universitários ainda estavam aprendendo.

---

- "Eu entendo, sargento. Mas fico preocupado. Marco é viciado em Rede. Entendo. Sim. Sim. Gostaria que viesse aqui analisar a segurança da máquina. Sério? Então creio que é melhor. O senhor tem o telefone? Ótimo... É de graça mesmo? Só entregar a máquina e apresentar o boletim de ocorrência? Ótimo. Muito obrigado."

O pai vai ao quarto do filho, desliga a máquina e empacota. O garoto estava na aula. Chegaria só à noite. Era o momento ideal, e, pensava o pai, menos doloroso.

Passados alguns minutos após um telefonema feito à MagnaNet Secure Service, a campanhia tocou. Eram dois homens, com uniformes azúis, usando bonés com a logomarca da MagnaNet.

- "Boa tarde. O sr. deve ser o sr. Carlos Fuentes, certo? Pode nos mostrar uma identificação?" - antes que o pai colocasse a identidade de volta no bolso o homem pediu para apanhar a máquina. O pai entregou a caixa. Quando já se despedia deles o outro se aproximou. - "Sr. Fuentes. É exigido pela empresa que façamos uma verificação da linha de conexão da sua casa. O sr. é integrado à Rede..." - "Quatro, cinco e seis." - completou o pai rapidamente. - "Certo. Posso fazer a verificação. Não demoro mais que três minutos. Prometo. É rotina da empresa." - afirmou o homem entrando na casa. - "Claro. Vamos até o quarto dele... Ah.. aqui está o boletim de ocorrência."

Os três subiram a escadaria. Ao entrarem no quarto do menino, o mais alto foi até a saída de conexão na parede. Retirou da maleta um aparelho pequeno e prateado. Desparafusou o conector das redes e começou a mexer. Quando o pai se aproximava para acompanhar, o outro homem o chamou de volta. - "Sr. Carlos. O seu filho tem 12 anos, correto? Ele tem algum comportamento estranho ou costuma ser curioso em relação à Rede? Pergunto isso porque tal tipo de pessoa pode se envolver, inocentemente, em confusões na Rede... Seduzidos pelas ferramentas que existem por aí, muitos garotos com a idade dele perturbaram a ordem na Rede e seus pais tiveram que pagar multas altíssimas."

O pai ficou preocupado. Mas preferiu omitir o fato da genialidade de seu filho ter sido alvo de séria investigação por parte de membros da conceituada A.R.C. e do Departamento de Defesa Digital. - "Acho que não. Ele usa para ter aulas, jogar com os amigos e conversar com outras pessoas." - O homem falou olhando em seus olhos. - "O sr. sabe que pessoas são essas?" - O pai ficou aborrecido e respondeu sério, com voz autoritária. - "Eu não vigio meu filho." -"Pois devia!" - respondeu o homem ironicamente. - Quando o pai se aproximou mais para dar uma resposta à altura, o outro homem se aproximou e informou ter terminado o serviço. Havia trocado os conectores por outros mais atualizados. Ainda, antes de sairem da casa, entregaram um documento para o Sr. Fuentes, informando que devido ao incômodo a MagnaNet daria, como cortesia e pedido de desculpas, dois meses de conexão às redes usadas. Sem custo algum.

A preocupação do pai acabou rapidamente e ele, logo que fechou a porta, ligou para o número do documento e informou a senha. A telefonista informou que sua nova máquina chegaria em um dia útil e que, a partir de seu primeiro acesso, dois meses seriam contados como acesso gratuito. O Sr. Fuentes ficou realmente feliz. Agradeceu e se sentiu satisfeito com a qualidade inquestionável dos serviços da MagnaNet.

segunda-feira, abril 03, 2006

Crônica: A Rede VI

-"Esta quinta-feira começa com o desligamento geral de 75% dos nós e servidores de conexão integrados à Rede VI. As autoridades informaram que tal desligamento se deve a uma ação de segurança para evitar a queda geral da Rede. Aparentemente, o criminoso virtual conhecido pelo apelido de Bit, membro da organização terrorista NFF, Net For Freedom, assumiu os ataques. O repórter..."

Outro dia tenso no ano 2333. Quando os ataques na rede acontecem o mundo corre risco de parar por um instante. Este "instante" pode ser bloqueio de vôos, erros em servidores bancários, roubo de informações codificadas, quedas nas bolsas de valores. Por sorte, as Redes V, VI e VII são destinadas exclusivamente ao tráfego de usuários e recursos voltados para o público em geral. Para a sorte das empresas claro... E azar dos usuários normais, que ainda lêem emails, conversam com familiares e navegam pelas Redes. Aliás, é a primeira vez que um grupo realmente organizado, como a NFF, ataca uma Rede de usuários comuns. E, por incrível que pareça, tal ataque deixou as autoridades realmente preocupadas.

Na sala principal de reuniões do edifício-fortaleza da MagnaCorp., o inspetor Maren aguarda um representante da corporação. Enquanto espera para solicitar acesso ao servidor da Rede VI, Maren se deslumbra com a fabulosa mesa de vidro escuro, e com seus 50 lugares. Ao lado de Maren, de pé atrás de sua cadeira, está o programador e inspetor Zraninsk. Uma porta no fundo da grande sala se abre. Um homem de baixa estatura e careca, usando um óculos de armação redonda e vestindo um jaleco de cientista se apresenta.

-"Boa tarde senhores. Gostaria de agradecer pela rapidez em antender nosso chamado. Falo em nome da MagnaNet. A partir de agora sou o único a responder suas perguntas. Espero que sua Agência tenha muitas perguntas, mas, de fato, antes de tudo, estou interessado em suas respostas. Meu nome é Godfred Moureau, diretor técnico da MagnaNet. Podemos começar..."

Maren e Zraninsk eram, talvez, os melhores agente em atividade da Agência de Repressão ao Ciberterrorismo, a ARC. Estavam ali, na verdade, não apenas porque um megacorporação os havia "convocado", mas também porque a ARC tinha especial interesse em ter acesso aos servidores da MagnaNet. Os ataques terroristas à corporação podiam ser atos espontâneos contra os grandes mantenedores do "sistema", mas, talvez pudessem ter um fundo de verdade. A MagnaNet apenas oferece o acesso à Rede VI, ou também o controla e vigia?

Algumas fontes haviam informado que a Rede VI era, para a MagnaCorp., um propriedade particular, e não uma concessão pública. Essas fontes, antes de revelarem as informações, pediram para entrar para o Programa de Proteção à Testemunha, de seus respectivos países. Informação controlada e orientada. Este crime está especificado como "crime contra a humanidade" na Constituição das Redes, de 2297. Sobravam denúncias, faltavam provas.

-"Sr. Moureau. Eu sou o inspetor Maren e este é meu parceiro, inspetor Zraninsk. As respostas que espera de nós talvez não satisfaçam sua expectativa. Bit, o terrorista confesso de tais ataques, não foi encontrado e as pistas que deixou foram metodicamente estudas por ele mesmo. Resumindo, ele planejou tudo com maestria e ainda estamos procurando brechas em seus passos. Mas, aproveitando o assunto, gostaria que confirmasse para mim a não existência de uma rede paralela à Rede VI. Uma tal Rede VI Beta." - os olhos de Moureau perderam o brilho que lhes conferia alguma autoridade. Talvez a direta de Maren o pegara desprevinido. Ele respirou fundo e tirou alguns papéis da pasta que seu assitente carregava.

-"Senhores. A MagnaNet mantém, de fato, uma Rede Beta para atividades de manutenção e segurança. A rede nada mais é que um backup da Rede VI. Um "mirror", se me compreendem. Mas não entendo o que isso tem de importante em relação aos prejuízos bilionários que a MagnaNet poderia ter sofrido com os ataques deste criminoso."

-"A verdade, Sr. Moureau, é que suspeitamos que ele tenha acesso à Rede Beta, pois, em nossos rastreamentos na Rede, os nós de onde surgiram os primeiros ataques são os mesmos atacados. Como isso pode funcionar? A Rede Beta é mantida ligada continuamente? Quem pode acessá-la? Quem tem acesso a o quê, sr. Moureau?"

Maren foi direto mais uma vez. Sua voz era alta e forte. Suas perguntas claras e objetivas. Ele conduzia a investigação de maneira a intimidar até mesmo quem prestava a queixa. Maren era perito nisso e, de fato, poucos se igualavam à sua habilidade de arrancar informações.

(continua)

quarta-feira, março 29, 2006

Ano 2333.

Ano 2333.
Depois de sutis retrocessos no crescimento populacional o mundo adapta-se aos 8 bilhões que agora esbarram nas ruas. Houve reconfiguração geopolítica mundial. Grandes conglomerados econômicos tentaram no passado unir suas moedas e suas culturas... Um desastre!

A engenharia espacial começa a se aproximar de sonhos da conquista do espaço. Clones humanos são criados clandestinamente para abastecer o milionário mercado de órgãos e pesquisa biomédicas, voltadas, com certeza, para fins de guerra, e não de paz.

Doenças com rápido ciclo de contágio assustam e dizimam. Catástrofes naturais estão mais furiosas e recorrentes. Novas misturas químicas introduziram novos poderes às drogas e o narcotráfico está mais bem armado que os exércitos de muitas nações. Megacorporações atrelam seus interesses capitalistas ao destino de povos inteiros. O petróleo perdeu força para os biocombustíveis e para os novos métodos de geração de energia e para as baterias que mantêm os carros nas ruas e o mundo funcionando. A eletricidade é agora gerada, prioritariamente em grandes complexos nucleares. Protocolo de Kyoto? O que vem a ser isso?

Apesar do estado apocalíptico que, tomara, antecede o fim da selvageria do capitalismo, alguns grupos se organizaram e encontraram um espaço para manterem suas flâmulas altas, suas bandeiras e causas hasteadas e seus bastiões impenetráveis: a rede.

Tecnologia de informação há uns dois séculos atrás era coisa de gente rica ou arrojada. Hoje não passa de "mais um serviço oferecido para aproximar você de seus sonhos", como diria a MagnaNet, empresa do grupo Magna. Celulares tornaram-se chips acoplados ao ouvido, com extensões que podem ser facilmente acessadas em qualquer DPV, Dispostivo Plasma Visualizador, um aparelho que você leva no bolso ou usa perto de uma cabine de conexão. Uma espécie de tela que coloca você em contato com toda a rede. Com toques dos dedos você acessa o que quer na rede, vê noticiários, acompanha esportes e guerrilhas, além de acompanhar as cotações das cinco bolsas de valores restantes no planeta. Se tiver um pouco de tempo pode ainda participar de campeonatos de centenas de jogos, com jogadores de todo o mundo.

As ruas tornaram-se mais largas e acompanhadas por "corrimões" baixos, tudo para que os distraídos que estão conectados à rede não sejam atropelados. Todos os carros possuem sensores que desativam os aparelhos de conexão, para evitar acidentes. Fábricas e empreiteiras também investem milhões na compra dos sensores, chamados gentilmente de "chatos".

O acesso a tamanha tecnologia é gratuito. "Tudo para permitir que você se aproxime mais ainda dos seus sonhos." Você não gasta nada para usar ou se conectar às redes. Os anunciantes fecham parcerias com as empresas, e os pacotes e kits para acesso variam de acordo com a quantidade de publicidade que você está disposto a receber via mensagem, serviço multimídia e hiperconexão. Eu estou no pacote básico. Recebo 10 mensagens multimídia por dia, informando-me das novidades do mundo conectado e de artefatos antigos. Pelo menos hoje em dia você pode escolher a publicidade que vai incomodar você. As mensagens publicitárias agora respeitam o horário compreendido entre as 22h e as 06h. Bons sonhos!

As cidades estão mais altas. Na verdade por dois motivos básicos. Primeiro o nível do mar subiu em todo o planeta. Veneza, Rio de Janeiro, Nova Iorque, Roterdã... Todas semi-engolidas pelo mar cada vez mais quente. Segundo motivo é o fato de os prédios agora terem muitos e muitos andares. Muitos mesmo. Os carros aqui não voam, e parece que os Jetsons ainda estão longe daqui, mas, as distâncias estão menores... As CED, Câmaras de Entreternimento Dimensional, levam você a qualquer parte do mundo, por quanto tempo você quiser, desde que possa pagar a "viagem".

O terrorismo acabou. Grupos radicais hoje não mais prometem o céu para homens que coloquem explosivos no próprio corpo. Eles agora estão atuando em outro lugar, de maneira mais sutil e eficiente. Estão trabalhando no "mundo conectado". As redes não são mais brincadeira. Agora a guerra é declarada, e, em alguns casos, milhares e milhares de nós de conexão e servidores são desligados até que a situação seja controlada. Ameaças virtuais tornaram-se armas de guerra ideológica e política. Boatos ganham a dimensão do mundo e, até que se prove o contrário, ministros, chanceleres, premiers, presidentes, prefeitos, governadores já caíram. Por incrível que pareça, ninguém mais coloca um site que se preze na rede sem fazer seguro dele. Advinha quem é uma das maiores seguradoras do mundo conectado à Rede 1? MagnaNet Security Services, do grupo MagnaNet, da megacorporação Magna.

(continua)

quinta-feira, março 23, 2006

A Comunicação Aliada à Saúde Pública

Acredito que o comunicador social, digo não somente o jornalista mas o publicitário e o profissional de relações públicas, podem contribuir para melhorar e disseminar com maior intensidade os aspectos da saúde pública. Acredito que através dos meios de comunicação de massa podemos construir uma sociedade onde conceitos básicos de saúde não sejam um desafio.
Infelizmente são poucas as instituições que oferecem cursos de especialização ou mestrado em comunicação em saúde, salvo algumas exceções como a Fiocruz, a Universidade Metodista de São Paulo e algumas outras. Essas instituições contribuem para a melhor formação do comunicador especializado em saúde.
Entender o processo do uso e a importância desta comunicação em saúde pública é, de certa forma, poder estabelecer uma relação mais próxima das nuances que abarcam a prática em saúde e onde ela transita e comunica. DO CARMO, Sidney José. Revista Mineira de Saúde Pública, Ed Funed, BH 2003).

A comunicação de massa pode ser uma forte aliada na melhoria da informação sobre doenças e sobre o meio de evita-las.

Mass media que dizer meios de comunicação tecnicamente aptos à difusão simultânea de toda espécie de informação, destinando-a a um número indiscriminado de indivíduos. Esses meios de comunicação modernos são, além do cinema, os jornais, as revistas, as emissoras de rádio e, sobretudo, as redes de televisão. (POLISTCHUK, Ilana e TRINTA, Aluízio Ramos. Teorias da Comunicação: O pensamento e a prática da Comunicação Social. Ed. Campus RJ 2003).

Infelizmente a comunicação de massa está mais preocupada em vender produtos para a saúde do que divulgar métodos básicos de prevenção contra doenças. Não seria mais eficaz e barato, a televisão (seja o rádio e outros meios) ensinar métodos básicos de prevenção contra doenças relacionadas, por exemplo, à falta de higiene e saneamento básico? Outro exemplo, e que é um problema grave, são as doenças tropicais que atingem os países periféricos, como a malária, dengue e tantas outras. Essas doenças poderiam ser amenizadas se projetos de comunicação e políticas de saúde pública fossem usados em parceria.

Mas afinal o que é saúde pública? o termo significa:

Saúde Pública é a aplicação dos conhecimentos médicos, enfeixados pelos epidemiológicos (no Brasil: epidemiologistas), com o objetivo de impedir a incidência de doença nas populações. (pt.wikipedia.org/wiki/Saúde_Pública)

É justamente na disseminação desses conhecimentos médicos, que a comunicação deve agir, ou seja, transformando esse conhecimento que muitas vezes é carregado de chavões e termos técnicos, em informações mais simples e eficazes para a população.
Um exemplo de como a comunicação pode ser útil para a saúde, são as campanhas feitas para esclarecimento e prevenção da Aids. É claro que não foram somente as propagandas e sim todo o conjunto de esforços das Secretarias de Saúde, mas a comunicação também foi e continua sendo uma forte aliada para manter o Brasil no ranking dos países que são referencia no tratamento e prevenção dessa doença. É claro que ainda tem muito que fazer nesse campo, mas acredito que a comunicação tem seu papel. Outro exemplo, que aconteceu em Belo Horizonte, é que segundo o Hemominas, nos anos em que foram feitas campanhas para incentivar a doação de órgãos, constatou um aumento significativo. Por exemplo, em 2004, ano em que foram feitas campanhas, foram realizados,1.810 transplantes, já em 2005, ano que não foram realizadas campanhas, o número caiu para 1.459 transplantes.
Bom, cabe aqui pensar e repensar sobre a importância que a comunicação social tem no campo da saúde. Acredito que se fossem feitas campanhas mais eficazes contra o combate de doenças consideradas um problema de saúde pública, dá para imaginar o quanto o governo deixaria de gastar com leitos no Sistema Único de Saúde. Uma população bem informada e preparada para a prevenção de doenças, que poderiam ser evitadas com medidas simples, dependeria menos do SUS e com certeza a qualidade de vida de milhões de pessoas iria melhorar significativamente.

sábado, março 11, 2006

"As forças do mercado que existe hoje fazem com que seja irrealista gastar 200 milhões de dólares em um filme. Estes filmes não conseguem mais recuperar o dinheiro. Veja o que aconteceu com King Kong"

...
"No futuro, quase tudo o que passará nos cinemas serão filmes independentes. Prevejo que em 2025 o custo médio de um filme será de 15 milhões"

- Entrevista de George Lucas ao
The New York Daily News

"
Publico do Oscar foi 10% menor mesmo com cowboys gays"

- Yahoo.com.br

Não Neo, você já está no mundo real! A primeira frase veio da boca do mesmo cara que gastou quase 200 milhões de verdinhas pra fazer o seu último filme e que fez uma das séries cinematográficas mais rentaveis dos ultimos anos. E a última nota mostra que realmente estão dando na cara que aqueles musicais são um verdadeiro pé-no-saco, e que nem o decote da Angelina tem força pra salvar o Oscar.

O que seria isso?! Um mundo pós Mad Max? Pós Admiravel mundo novo? Como assim meu senhor? Será que o vai reinar nos próximos anos não vão ser as cores e a baranguisse oitentistas, e sim a geração que deu mais valor á Nirvana e Kurt do que ao He-man e aos Tundercats? Não vamos ter mais que ouvir regravações e bandas pop rock tocando o som da Turma do balão mágico? Capital Inicial vai pedir aposentadoria finalmente? Não... me acordem, isso é um sonho.

Vamos por partes. Em 2005, dois dos filmes mais bacanas tiveram o custo de menos de 50 milhões de dólares ( Sin City, Senhor das armas ). Uma verdadeira bagatela pro mercado Hollywoodiano. Sem contar o sucesso que foi "Jogos Mortais", assim como sua continuação, que juntos, não custaram nem 8 mi. Ou seja, juntos fizeram mais ( e melhor ) até mesmo do que o nosso detestavel "Olga". Até o mundo da música pop, se formos ver bem, está menos "construido". Se for ver, que até mesmo a volta dos Backstreet boys, que tanto me faria tomar calmantes, se eu tivesse idade pra isso na época, foi pela boca de lobo ( da rua de trás ) abaixo. Avril Lavigne, Good Charllote e outros, são tão porcaria quanto, mas ainda são: Baixo, guitarra, bateria e vocal. Ou seja, ainda podem fazer alguns, tomarem gosto pela boa musica, num futuro nao tao distante, e nessa mesma galaxia. Código da Vinci, por melhor, ou pior que seja, mostrou como que muita gente ( e acreditem, até mesmo no Brasil ) tem ainda, gosto pela leitura, e até mesmo, pela "verdade", porque não?

Será que agora que estão vendo o efeito "Pulp Fiction", "Cães de aluguel", "Drink no inferno", "El Mariach" e porque não, "Bruxa de Blair" do século passado, no mercado? O efeito Napster >> KaZaA > E-mule?

Hoje, podemos ter de tudo 0800, graças á banda larga. E não adianta a Sony chiar, porque ela é uma das que mais vende CD-RW no mundo, ora bolas. Como eu disse, podemos ter de tudo, por isso somos mais exigentes. Não inclua no "somos", os sem mãe que ainda colocam o chevette 79, lá no 'talo', com aquela baranguisse de neon em baixo e fica passando de lado no quebra-molas pra nao arranhar o fundo, tudo isso ao som de "tô ficando atoladinha". Esse é o efeito E-mule. Nós temos facilmente de tudo, entao só corremos REALMENTE atrás, do novo, do interessante. O CD novo do Los Hermanos, nos pegamos, ouvimos, e apagamos, ou deixamos lá, junto com as outros 20GB de mp3 ( ainda bem ), enquanto que o novo do System, Iggy, Chemical, Pearl, Audio, Nine, e outros, nós gravamos e ouvimos o tempo todo, ou porque não, até compramos. O novo do Michael Bay, nos pegamos, vemos, e apagamos pra liberar espaço, ou devolvemos o CD ( made in Oi ) para o nosso vizinho. Enquanto Sin City e outros, nos compramos ( Made in Submarino ).

O mundo underground está ficando menos "under". Isso lá tem seu lado bom, claro. Agora o que vai contar é mais a idéia, do que a grana investida na publicidade ( posso começar a me preocupar com emprego? ) e bonequinhos. Os diretores de arte vao ter que fazer melhor, com menos. Os estudios caseiros, com Linux nas maquinas, e 3Ds Max, After Effects, Sound Forge, Photoshop piratas vao reinar. Owell não pensava nisso.

Pra terminar, gostaria de deixar aqui outros casos de evidência atual, que não posso deixar passar:
O sucesso de "Counter Strike", jogo 0800, e que é o mais jogando nas Lans do mundo.
A capa da SET deste mês ( revista mais famosa de video no Brasil ), pela primeira vez trazendo uma série de TV, e falando de como as séries estão ganhando mais importância do que os filmes, para as grandes produtoras.
O Sucesso de CD's de garagem como o primeiro do nacional Planet Hemp e do primeiro dos Californianos do Offspring.
O número maior de pessoas usando Linux, ao invés de Window$.
Entre outros.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

O Blog Cresce, Mas Não Aparece

Quem diria!!!
Somos todos, nós contribuidores deste projeto de construção da informação, vítimas de nosso grande medo: a queda por entre os infinitos e infindáveis labirintos da internet. Apesar de termos conseguido um número de posts muito bom, posso perceber que as visitas do TempusFugere não conseguiram sair da mesma média. Estou falando de visitas únicas, isto é, usuários que conheceram ou retornaram ao blog neste dia. Se atualizarmos a janela do navegador cem vezes, conseguiremos cem visitas, mas apeans uma visita única.

É justamente esta "visita única" que nos dá base de nosso campo de alcance; e, se eu pudesse usar uma situação para comparar nosso campo de atuação, diria que ele vai alguns metros apenas logo a frente de nossos narizes.

E então "navegadores do tempo", membros e leitores do Tempus Fugere? Qual a receita para aparecer na Internet sem apelar para publicidade paga e métodos condenáveis, como spam?

Aguardo sugestões!!!

sábado, fevereiro 18, 2006

Viva o Google

Isolamento? Como? Tenho que discordar de vocês, a internet nunca nos fez ficar tão juntinhos. Quando que eu poderia ser amigo intimo da Marina Person, se não fosse agora, pelo Orkut? Nunca! E tenho vários outros amigos famosos, posso lhes dizer que até mesmo Barrichello e Schumacher, não só tem Orkut, como são meus amigos, e ao contrário do que muitos pensam, eles são muito legais um com o outro também, só verem seus scraps.

A gigante Google nos dá tudo o que precisamos. Pra quê sair de casa, e ir ver a piscina nova da casa do seu primo? Faça isso pelo Google Earth. É melhor, e você ainda não tem que sujar seu Nike novo naquele monte de entulho da construção. Você quer ler um livro? É pra já! Vá na busca do Google e procure. Alexandria? Quem é essa zinha? A grande biblioteca mundial é o Google. Ou você acha que Alexandre “O” grande conseguiria um exemplar de “Caras” na sua pequena banquinha? Jamais. E não por causa da diferença de tempo da época dele pra nossa, é porque o Google é realmente muito superior.

Agora, o melhor. Se você já leu de tudo, já viu a piscina do seu primo, o que falta? Sair pra tomar uma com os amigos, numa sexta á noite, não é mesmo? Pois o Google nos ajuda nisso também! Reúna todos, no mesmo horário, e entrem na comunidade do Bar do Doca, dentro do Orkut. Pronto! Todos lá. Dá até mesmo pra postar como está a sujeira da mesa. Ou podem fingir que a mesa está limpa também. E quem sabe não encontrem com alguém que acaba de sair, realmente, do bar, e pode dizer como estava por lá? Aliás, não. Melhor não. Esse povo que gosta do mundo real é muito estranho. Mundo real, argh!

Acho que vou investir nas ações do Google.

Mas espere ai. Também falaram do Skype. Bom, mas desse eu não gosto, odeio ter que parar meus downloads no emule pra ficar com taxa maior no Skype. MSN sim, esse quebra todos os nossos galhos. Não falem mal dele, aliás, eu também sou do tempo em que ICQ dominava, mas, ICQ não tem fotinha do lado pra gente poder ficar olhando e teclando. E outra, celular não afasta ninguém. Você que é mão de vaca e não liga pra pessoa, e nem manda uma mensagemzinha. Só de pensar em ter que ir na casa de alguém, e enfrentar o mundo real lá fora, já dá vontade de arrancar meu pé fora. Nosso mundo vai bem assim. Só temos que sair de casa pra trabalhar, e olha lá. Deixem o trabalho pesado para os africanos, ou os chineses, afinal, eles nem podem acessar o Orkut mesmo do lado de lá. Eles nem tem Big Brother. O dia que algum africano reclamar da falta de Big Brother, a ONU coloca uma tv com National Geographyc passando a vida das girafas pra eles, e dizem que o deles é assim. Pronto.

Agora me deixem voltar pra tv, e me juntar aos outros milhões de brasileiros que assim como vocês, adoram o paredão te terça.

A Peculiaridade da "Imagem" na Web

O "depoimento" do colega João Paulo passa por muitas áreas da comunicação que me são saborosas de discutir. De fato, a influência da internet na solidão das pessoas é fato. Assim como todo tipo de comunicação móvel e rápido afasta as pessoas. Quando se pode ligar e dizer um "oi" pelo celular você automaticamente desconsidera a opção de se encontrar com tal pessoa. Na internet não é diferente. Dizem que as madrugadas da Internet são os espaço dos insones e solitários. De fato o é.

No entanto, eu temo muito a radicalização de conceitos matrizes, como o da "Imagem". Afinal, se buscarmos e rebuscarmos conceitos de imagem vamos encontrar muitas definições, cada qual com seu espaço e influência definidos. Creio eu que, no Orkut, por exemplo, a imagem ali trabalhada se aproxima de dois conceitos bases. O primeiro deles já foi pincelado pelo amigo Daniel Gomes, quando citou o voyeurismo e o outro, ainda não sei se está definido por outras publicações, mas me dou a liberdade de inserí-lo, é a busca do NÃO-EU. Curiosidade extremada e improdutiva. Buscar em outrem tudo que o "não-eu" é, e ver como é ser nos outros.

A questão da Imagem vendida, como termina o texto o amigo João Paulo, é uma das grandes discussões em todos os palcos da comunicação moderna. Apesar disso, na Internet, particularmente, esta venda de imagens se dá de maneira peculiar, vejamos.

Nas grandes mídias absolutistas (leia-se jornais, rádios e redes de televisão), o leitor, ouvinte ou telespectador (receptores da mensagem) são meros agentes passivos no ato da edição da mensagem. Podem, é claro, selecionar o que vão entender e qualificar aquilo como útil ou inútil às suas necessidades, mas, mesmo assim, não poderiam estar trabalhando na construção da "imagem vendida", afinal, esta "imagem" é construída pelos anunciants e congêneres.
No caso da Internet, vender produto já é complicado, agora, imaginemos vender imagens. As propagandas na internet, por mais eficientes que pareçam ser, ainda são estáticas, ainda são banners fixos que podem ser ignorados pelo usuário. Ele não tem que ver os banners para continuar navegando, assim como não teria que estar sujeito a eles passivamente. Outro ponto importante é que a internet, particularmente, é o único meio de comunicação que abre espaço para participação irrestrita de seus usuários. Algumas comunidades podem ter moderadores, alguns sites podem ser pagos, mas sempre se consegue o que se quer em outros sites e outras comunidades.

O que quero dizer é simples: como se pode "comprar uma imagem" ou "vender uma imagem" na Internet? Que imagem seria esta? Uma "imagem" construída colaborativamente por milhares de participantes? As meninas de 12 anos na internet que sonham ser loiras e esbeltas não assim o querem por causa da internet, do orkut ou de comunidades correlatas, elas assim o querem por serem bombardeadas, passivamente, por publicidade que quer "vender a imagem perfeita".

O ócio e a Internet

Minhas férias foram um passeio entre leitura, Internet, jogos online e bate-papo. Nunca o ócio me fez tão bem. Acordar três horas da tarde, dormir às seis, quando o relógio de casa desperta. Descobrir que estamos velhos demais para conviver com nossos pais, com ordens e regras impostas. Minhas férias também serviram para comprovar que o amor que queremos e esperamos pode ser cruel e indigesto demasiadamente. E que ter auto-controle é a coisa mais complicada do mundo. Enfim, esses vários dias reafirmaram tudo que eu via e muitas vezes não aceitava.
Mas curioso mesmo foi atestar como as pessoas se agarram em qualquer coisa para enganar sua solidão. E como crescemos e ficamos cada vez mais sós, na medida em que o tempo passa, descobrimos que o único caminho é ficar consigo mesmo.
Difícil explicar isso! Sim é difícil!
É complicado aceitar as pessoas como elas são, queremos “comprar” o melhor produto, mesmo não sabendo definir bem o que seja.
E por que digo isso?
Pois bem! Todo esse tempo ocioso, me foi de grande valia para pesquisar as maravilhas da Internet. Sites de foto de festas, pessoas sorrindo, se mostrando, se promovendo, e no fim se remoendo. Sites de relacionamento, do qual o destaque é o Orkut, em que cada participante tenta “vender seu peixe” da melhor forma que lhe convém. Engraçado que no Orkut todos adoram ler grandes clássicos do senso comum, grandes autores, grandes filósofos. Mas para vender melhor seu peixe vale a penas até colocar livro que nunca leu, afinal, só compramos o mais inteligente, o mais cult. Em outras palavras, por que vou dizer a verdade se poso mentir e parecer bem mais interessante? Há também os mecanismos de mensagens instantâneas. Esses sim são o paraíso dos solitários. Eu particularmente uso Skype e MSN, e discordando do post anteriores não gosto do ICQ apesar de ser da era dele. MSN uso mesmo pra conversar com amigos e alguns conhecidos. Mas o Skype é o paraíso dos insones, solitários, angustiados e afins. Com o modo Skype-me tem-se a possibilidade de se deixar conectar ao mundo inteiro bem como se conectar diretamente nele. As pessoas vão adicionando ocasionalmente e tentando encontrar um perfil que se encaixe. Eu mesmo já fui abordado por diversos tipos. Um português que queria apenas conversar. Uma polonesa apaixonada por latinos, que segundo ela são os homens mais bonitos e românticos do mundo. Estereótipos a parte, um bando de asiáticos, achando que o Brasil é sexo, sexo e prostitutas; como um indiano que me pediu pra traduzir uma conversa dele com uma brasileira e presenciamos o ridículo dele tendo um sonoro orgasmo virtual. Um francês que queria fazer sexo virtual com meninos, um jordaniano com o mesmo intuito, e pior ainda um indonésio casado que queria vir ao Brasil se encontrar comigo, sem ao menos me perguntar meu nome. Umas duas mulheres que insinuaram um ato sexual. Teve até um mulçumano, turco, que veio protestar comigo sobre as charges dinamarquesas, e dos infiéis do ocidente. Pois bem, de todos esses ainda tenho na minha lista a polonesa, com quem gosto de conversar, e que no cúmulo da solidão (talvez não) chegou a me dizer até um “eu te amo”. Restaram na minha seleta lista o português, alguns amigos, e alguns outros com quem falo muito pouco. Todos os outros citados foram excluídos, é claro, quando revelaram suas reais intenções.
Só tenho uma quase certeza. Tudo isso. Tudo. “Skypes”, “orkuts”, “fotos” e derivados são apenas fugas para escapar da solidão, do medo e principalmente do fracasso. Fracassos sociais, amorosos e ideológicos. Imagem é tudo, não é mesmo?! Então vista sua e seja feliz.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Orkut e conteúdo colaborativo: uma união inusitada

O Orkut tomou o Brasil de assalto. Desde meados de 2004, quando o site de relacionamentos teve um crescimento digno da economia chinesa, diversas reportagens, artigos e até teses científicas trataram do assunto no intuito de discutir, e teorizar, o incrível sucesso dessa empreitada virtual. Principalmente no nosso país, que hoje representa algo em torno de 70% do universo de usuários do site.

Muito se discutiu a respeito da razão pela qual o Orkut se tornou tamanho sucesso. O fato de ser uma experiência virtual sem precedentes para inúmeros brasileiros é uma das prováveis razões. A outra é o poço de vaidades e egos em que se tornou o ambiente da telinha azul, onde podemos nos tornar fãs dos amigos queridos, da própria mãe e, por que não, daquela gata com quem queremos um “algo” a mais.

Claro, há também a possibilidade de nos tornarmos voyeurs absolutamente anônimos, indo e vindo nos profiles das pessoas por quem nos interessamos e mesmo aquelas que nunca vimos. A bisbilhotice e a fofoca agora têm um correspondente virtual: os scraps.

Tudo isso é parte integrante do que impulsionou o Orkut a ser um dos endereços mais acessados pelos brasileiros na internet. Mas o mais curioso, e o que o Orkut tem de mais valioso, é pouco discutido pelos meios de comunicação em geral: as comunidades.

É sabido que os seres humanos se agrupam geralmente por grupos familiares e também por grupos de afinidade. O Orkut potencializou esses encontros à enésima potência, criando a possibilidade de descobrirmos pessoas com gostos e interesses os quais jamais imaginamos compartilhar com alguém. As comunidades guardam a grande galinha dos ovos de ouro do site. É nelas que o Orkut se transforma, em muitos casos, em verdadeira fábrica de conhecimentos e troca de experiências. O usuário paciente e que está interessado em determinado assunto pode, com alguns cliques, descobrir grupos de experts em exatamente aquilo que ele necessita saber.

Espaços que discutem filmes, softwares para computador, composição musical, programação, matemática, jornalismo, enfim, a cada discussão nessas comunidades, criamos parâmetros para formar nossa própria opinião acerca de um assunto e expandir nosso conhecimento sobre outro. Um espaço democrático que, salvo exceções, permite a toda e qualquer pessoa expressar sua opinião e contribuir para o bolo de conhecimento que ali se forma.

Infelizmente, por vezes, a moderação (que também podemos chamar de edição) é pouco exercida e pode, inclusive, estar na mão de pessoas que realmente não sabem medir o valor daquilo que “vigiam”. Como todo site de conteúdo colaborativo, o Orkut está sujeito a ser mal utilizado justamente por ser um espaço quase anárquico.

É preciso então separar o joio do trigo. De fato, existem as comunidades que unem o inútil ao desagradável. Infelizmente, por ser um site interativo, do Orkut é feito o que os usuários quiserem. De um ambiente pacífico e inteligente, pode vir a se tornar uma grande lata de lixo virtual.

É bom recuperar a discussão que o colega Pedro Penido iniciou no post abaixo a respeito das verdades absolutas. Diferentemente do que ele aponta na enciclopédia virtual de conteúdo colaborativo Wikipedia (www.wikipedia.org), o Orkut é sim um espaço onde a construção do conhecimento ocorre paulatinamente, de acordo com a participação dos próprios usuários. Por se tratar de um sistema com threads ou posts que permitem replies (respostas), o site permite que o usuário tenha contato com a idéia inicial e que, concordando ou discordando, possa adicionar um comentário que, por sua vez, poderá ser rebatido e assim por diante. Cabe questionar a qualificação daqueles que discutem, mas isso é assunto para outro post.

Dentro dessa linha, mas com muito mais organização, valem como sugestão os sites Webinsider (http://www.webinsider.com.br/) e Digestivo Cultural (http://www.digestivocultural.com.br/) além, é claro, do Observatório da Imprensa (http://www.observatoriodaimprensa.com.br/). São todos sites de conteúdo colaborativo, uns com sistema de resposta e outros não, mas todos rigidamente controlados (ou seja, editados) para que haja o máximo de qualidade intelectual em cada post, de forma a construir um conhecimento mais sólido e rico.

De toda forma, é por essa razão, as comunidades, que os críticos do Orkut deveriam repensar suas posições. O site em si jamais é a causa dos problemas que lá ocorrem. A falta de discrição e bom senso levam muitas pessoas a cometer o malfadado “orkuticídio”. Entretanto, mesmo sem ter a posse dos dados oficiais, é razoável afirmar que a maioria das pessoas que se auto-excluem do site têm razões particulares relacionadas a pessoas próximas para tal ato. Deixam para trás a dor de cabeça das fofocas vazias, mas também abrem mão de um maravilhoso conteúdo que apenas começa a ser explorado. A internet é um espaço democrático e, acima de tudo, com conteúdo construído coletivamente, o conteúdo colaborativo. Essa é a maior vantagem da grande rede: a de poder se rebelar contra as verdades absolutas. Por isso, navegar é preciso e o Orkut também é preciso.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Wikipedia e as Verdades Absolutas

Esta tarde, em mais uma engrandecedora conversa com o colega jornalista e amigo Daniel Gomes (membro deste blog) deparei-me com uma grande questão, que até então estava ainda imersa em obscuras dúvidas. Até o momento de nossa conversa eu mantinha, ainda não sei porquê, a concepção de que o Wikipedia era uma enciclopédia com verbetes fixos e sistemas de "comentário" e "re-atualizações" que manteriam tais verbetes no palco de discussão da comunidade, abrindo espaço para diversos pontos de vista.

No entanto, ao acessar o Wikipedia e entrar em verbetes de temas mais amplos, como Comunismo e Templários, eu me dei conta de que no sistema Wiki cada um pode mudar o texto original do site, isto é, mudar o conteúdo de maneira que os visitantes pós-mudança jamais saberão o que existia ali antes das modificações feitas pelo usuário. Isto é, mesmo explorando a capacidade da comunidade virtual de trabalhar conteúdos, o Wikipedia ainda mantém a todo vapor o sistema de verdades absolutar, onde cada verbete é mudado de acordo com a vontade do visitante, sem permitir que as "mudanças" sejam apresentadas em blocos de textos diferentes, o que caracterizaria um a espécie de pontos de vista.

Talvez o Wikipedia seja um braço virtual da imposição de significado da nossa realidade. Tornamo-nos, há uns tempos, dependentes das enciclopédias, depois dos jornais, depois das rádios e televisões. Apesar de na Internet a questão do território eternamente neutro (conceito que ainda pretendo trabalhar neste espaço) ser um fato, grandes idéias e grandes blocos web ocupados por sites gigantescos, como o Wikipedia, acabam pecando por não experimentarem as novas possibilidades e optarem pela mera reprodução dos sistemas de informação tradicionais.

Vejo o Wikipedia agora como uma enciclopédia virtual que nada mais faz que se permitir reeditar, mas impede-se de acompanhar ou fomentar as mudanças no trato da informação, informação esta que deveria ser "construída"... Verdades coletivas.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Para no sentirme solo ...


...por los siglos de los siglos.

Tudo que temos em comum é a ilusão de estarmos juntos. É contra a ilusão dos remédios lícitos que lutamos para romper o isolamento. Ao produzir o isolamento, a sociedade contemporânea assina sua própria sentença de morte. Estamos imersos a uma sociedade individualista. Vivemos em tempos de profunda solidão onde os valores são reduzidos ao final do mês e à fatura do cartão de crédito. Estamos em uma sociedade de consumo onde pressupõe-se que a liberdade é poder comprar e viajar. Falando nisso, como é fácil ir a Miami e passar o final de semana. Glauco e Lurdinha que o digam - a novela acabou mas continua no imaginário.

Canalizamos nossas vontades e liberdades (porque não libertinagem?) nas 29 polegadas de nossa sala.

Putz !!! O alarme dispara! Será que estão adentrando em minha fortaleza? Deve ser a bola de futebol dos moleques na rua jogando... moleques na rua? Ôôôô! Sô! Em que década estou? Como a piadinha rasteira e infame de sábado à noite: “isto não te pertence mais!” É triste, mas não nos pertence MESMO!

A praça é do povo, disse o poeta. Já, na placa, está escrito: PROPRIEDADE DA MBR. A maioria das praças, muitas restauradas pela mineradora, são para deixarmos nossos corações sadios. Afinal, o trabalho sedentário os machuca não é verdade? Logo, vamos colocar nossas viseiras, aqueles tênis brancos, meias soquetes, camisa levemente arregaçada nas mangas e fazer o ballet. Como cordeirinhos, a passos largos, vamos desentupindo nossas artérias. Estava me esquecendo do cachorrinho de estimação também estressado à nossa frente cheirando os passos do colega da frente. Logo, as crianças não estão na praça a jogar bola. Estão em algum chat, criando alguma comunidade no Orkut, tomando refrigerante ou comendo pizza fria. Pais, não se preocupem! Eles não terão problemas cardíacos. Vão fazer cooper no futuro ou escalarão algum paredão onde um dia foi uma montanha. A mineradora dona da praça deixou para eles.

Vivemos em um profundo isolamento.

Se imagine, em um bar com profunda melancolia e de súbito, fazer decolar uma garrafa ou um copo na parede e ninguém se perturbar. Decepcionado na expectativa, você é expulso. Contudo, o seu gesto encontrava-se, virtualmente, na cabeça de todos. Só você concretizou, só você cruzou o primeiro cinturão radioativo do isolamento: o isolamento interior, essa separação introvertida do mundo exterior e do “eu”. Como os blousons noir (ou blusões negros) – nome como eram conhecidos na França os jovens delinqüentes, que agiam em grupos, principalmente nos subúrbios das cidades francesas – você com sua atitude, foi condenado ao exílio enquanto os outros ficam também exilados, porém, na sua própria existência. Você ainda não escapou ao campo magnético do isolamento. Digamos, está em gravidade zero. Contudo, no fundo da indiferença que o acolhe, você consegue ouvir melhor agora seu próprio grito. Consegue libertar-se de uma das amarras. Da próxima vez, a ação tem que ser mais alta, mais estridente para causar um impacto maior. Eis que surge a trinca, a fissura nas superestruturas.

Em tempos sombrios e reducionistas o que nos resta ?

Para não me sentir só, pelos séculos dos séculos.

Hasta.

ICQ e MSN: duelo de titãs

Talvez os usuários de itnernet mais antigos se lembrem do bom e velho ICQ. Ferramenta fantástica que realmente lançou as bases para a comunicação instantânea. Creio que a história da internet doméstica possa (e deva) ser dividida em duas grandes fases: pré e pós-ICQ. De fato, quase todos da "velha guarda" da internet ainda mantém o ICQ ligado em suas máquinas, afinal, o velho ICQ nunca trava, nunca cai, nunca sofre com servidores sobrecarregados, dificilmente é facilitador de problemas com vírus e congêneres...

O ICQ é simplesmente fantástico, mas, a grande questão é, por que ele "saiu de moda"? A resposta não exige muita reflexão. Basta se perguntar qual é a grande diferença do ICQ para o MSN? A interface gráfica.

O MSN aproxima o usuário de um aspecto gráfico extremamente rico, com uma formatação de texto simples e janela contínua de chat seguindo esta interface, diferente do ICQ, que mantinha um "histórico" do chat, mas não tão organizado quanto o MSN, em termos de gráfico. A verdade é que os tais "smileys" foram a grande jogada dos produtores do MSN. Rapidamente qualquer um poderia personalizar uas mensagens via smiley e assim o usuário estaria seduzido. Para acessar o MSN basta se registrar no programa com uma conta de email válida, coisa que o ICQ jamais exigiu.

Com o passar do tempo a quantidade de smileys tornou-se absurda; e comunicar com outras pessoas tornou-se complicado, afinal, eram e são tantos smileys na tela da máquina que ficou complicado entender o que o outro usuário queria dizer. Na verdade, eu jamais usei os recursos smileys do MSN e nunca senti a menor falta.

Quem aqui nunca abriu seu MSN e se deparou com uma pessoa que não faz a menor idéia de quem é? Muitas vezes as pessoas mudam seus "nicks" e para nos certificarmos de quem é, devemos ou passar pela inconveniente experiência de perguntar à pessoa quem ela é ou ter ótima memória para guardar os emails de todos os seus contatos do MSN, afinal, tudo pode mudar, exceto o endereço de email cadastrado.

A integração com outros aspectos midiáticos web, como webcam e áudio contínuos foi outro ponto do MSN que chamou a atenção. Milhares de novos usuários vieram para o MSN e o ICQ ficou largado às moscas (se formos comparar com o acesso do público há uns anos). Na verdade, acho que foi ótimo. Quem realmente quer se comunicar de maneira rápida e eficiente, mandar e receber arquivos de maneira mais segura e manter histórico de mensagens, além de personalizar o nome dos amigos, usa o ICQ. Quem quer apenas se divertir com as coisas boas e sem seriedade da vida, usa MSN.

Banners para Divulgação! Sugiram...

VAMOS DIVULGAR O TEMPUS FUGERE AMIGOS...
ALGUNS BANNERS... ACEITO NOVOS BANNERS E ARTES!

Agora é hora de crescer, crescer... crescer!














Impressões Prestes Maia



Peço a permissão ao moderador para publicar este assunto. Além da palavra, acredito que cabe aqui também a palavra em movimento, ou melhor, a imagem em movimento. Neste caso, um ato de solidariedade.
Este é um ensaio de um documentário da maior ocupação em um centro urbano da América Latina. O edifício Prestes Maia, se localiza na cidade de São Paulo, na Av. Prestes Maia, 911 - Região da Luz no centro. Para saber mais sobre a ocupação acesse:
Para assinar a petição on-line e dar um apoio às 468 famílias:
Assista ao vídeo clicando nos links:
ou
Em Solidariedade.

Recortes ou retalhos ?

Por influência de um terrorista poético, Hackin Bey, publico aqui este recorte-retalho. Pablo Morini Pontone, agora com quase quatro meses é mais um provocadorzinho que me inspira a constantes provocações:

Primeiro Ato:

ESTRANHAS DANÇAS NOS SAGUÕES de Bancos 24 Horas. Shows pirotécnicos não autorizados. Arte terrestre, trabalhos-telúricos como bizarros artefatos alienígenas espalhados em Parques Nacionais. Arrombe casas, mas, ao invés de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas. Rapte alguém e faça-o feliz. Escolha alguém aleatoriamente e convença-o de que ele é herdeiro de uma enorme, fantástica e inútil fortuna: digamos 8000 quilômetros quadrados da Antártida, ou um velho elefante de circo, ou um orfanato em Bombaim, ou uma coleção de manuscritos alquímicos. Mais tarde, ele irá dar-se conta de que acreditou por alguns poucos momentos em algo extraordinário, & talvez, como resultado, seja levado a buscar uma forma mais intensa de viver. Pregue placas comemorativas de latão em locais (públicos ou privados) onde experimentaste uma revelação ou tiveste uma experiência sexual particularmente especial, etc ... Ande nu por aí.

Segundo Ato:

A praça, a rua, o beco (ou gueto), a favela (outros guetos). A cidade - O Centro Urbano - o cAoS. Tudo o que participa de nossa vidas. Da janela do ônibus, do carro, da bicicleta, de nossas lupas. De tempos em tempos, retorna na história da cultura humana o surto do iconoclasmo [do grego "eikon", imagem + klasmos, ação de quebrar]. Manifesto sobre a forma do horror às imagens, denúncia de sua ação danosa sobre os homens e a destruição pública de todas as suas manifestações materiais.

Do som de um orgasmo vindo do motel ao leve som dos refrigeradores dos açougues nas madrugadas. Da ocupação do espaço público institucionalizado ao happening em um domingo farto de acarajés e espetinhos. Pequenos detalhes de nosso cotidiano que não percebemos.

É natal !!!! Enfrenta-se poluições sonoras e visuais, congestionamentos de automóveis, ruas e lojas superlotadas, preços abusivos por mercadorias na maioria das vezes supérfluas.

Epílogo

Da próxima vez que você encontrar um artista de Belo Horizonte, preste bastante atenção nos seus movimentos, na sua respiração e, principalmente, na coloração pálida de sua pele. É bom que tal criatura não perceba sua bisbilhotice logo de início, para que os resultados da análise não sejam comprometidos por possíveis números de ilusionismo e paranormalidade. Se possível, cheque também a temperatura corporal e a vibração das cordas vocais. Pronto, depois disso não há mais o que temer. Todas as providências cabíveis serão tomadas por equipe médica altamente qualificada e, em casos de urgência, um fiscal de trânsito poderá ser acionado.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Verdades Coletivas

Recentemente, conversando com um amigo, fui questionado sobre a validade das informações adicionadas aos verbetes do Wikipedia. De fato, esta validade muitas vezes é, correta e devidamente, questionada. Mas creio que em muitos casos ainda temos medo de sair dos "abrigos" criados pela grande mídia para encararmos o mundo de um modo mais pessoal.

Eu, por exemplo, até conhecer outros veículos de informação da Internet, sempre entendia que o que está no jornal ou na TV é fato concreto e verdadeiro. Eu me contentava em saber que a mídia estava me oferecendo aquilo que eu devia saber e jamais eu, um reles mortal, poderia desconfiar ou desacreditar no que a Rede Globo, a Folha de São Paulo ou mesmo a CNN me diziam.

Estamos acostumados como este bombardeio de verdades que nos são impostas, e muitas vezes conferimos a veracidade de um tal acontecimento em outras mídias que são supridas pelos mesmo fornecedores da notícia anterior. Resumindo, lemos algo que nos faz desconfiar; daí procuramos outra publicação que diz o mesmo, usando outras palavras; pronto, estamos agora seguros de termos sabido a verdade.

Grandes grupos midiáticos e corporações influenciadoras em tais grupos tiveram seu tempo de controlar a opinião mundial através de suas "edições" da verdade por eles mesmos "pautada".

Mas agora, com a Internet, com este novo universo de possibilidades, as coisas serão diferentes. Grandes comunidades são capazes de opinar sobre grandes temas. E pontos de vista variados podem suprir as necessidades dos mais rigorosos questionadores. O diálogo possibilitado pelas Comunidades Online é inigualavelmente poderoso e, pela primeira vez na história, pessoas comuns, aqueles tais "reles mortais", deram furos de reportagem nas maiores empresas da mídia. Deixaram de ser membros de uma classe consumidora de verdade para passarem adiante seus pontos de vista e construirem, juntos, as verdades a serem lidas. Cada qual se policiando e policiando o outro.

Questões de Perspectiva

Estudos da IBM indicam que aproximadamente 600 milhões de pessoas têm acesso constante à Internet atualmente. Através de conexões em casa (banda larga e discada), além dos outros milhões que acham nas Universidades e Lan Houses acesso livre ao mundo virutal. Este número, no entanto, dá uma idéia mínima do potencial de acesso da geração que encontra a Internet nos dias de hoje.

Relevando que a televisão, como mídia organizada e não mais experimental, demorou mais de 20 anos para alcançar seu espaço e compreendê-lo, dentro das esferas sociais. Nestes 20 anos a TV conseguiu encontrar sua linguagem e os métodos de trabalhar as vontades e necessidades da audiência. Prova disso é que os programas de TV passaram anos usufruindo da linguagem radiofônica.

No entanto, trata-se de uma situação diferente, quando resolvemos observar a Internet. A Televisão eo Rádio são mídias que atingem uma audiência passiva. Quando se trata de Internet deve-se levar em conta que o usuário também é, de alguma maneira, produtor de conteúdo. As constantes e inovadoras linguagens de trabalho na web, desde as de programação web, como o HTML ou PHP, até os métodos eficazes de atingir um nível de comunicação saudável com o leitor, ainda são extremamente experimentais, uma vez que a própria rede ainda se estrutura em caráter experimental.

De fato, com o barateamento constante das tecnologias de informação, como telefonia móvel e os próprios equipamentos (e serviços) para acesso bandalarga, devemos encarar a Internet como um universo em expansão, que não pode ser ignorado, principalmente em relação à interatividade entre seus usuários. Se hoje são 600 milhões, nos próximos 5 anos serão 1 bilhão de pessoas, ou mais. E então? Como o mundo web será?

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Nasce o TEMPUS FUGERE

"E antes eram apenas o Caos e o Tempo..."

O Tempo. Senhor soberano de todas as formas de vida, de todos os credos, de todos os sonhos, de todos os medos. O tempo é uma aventura e somos exímios aventureiros. Driblando o destino, apesar de não acreditarmos nele e sabermos que não passa de uma força de expressão para sentirmo-nos alicerçados de alguma maneira por algo além; pode ser um deus qualquer, pode ser o tempo, pode ser o tal "destino".

Eis aqui um caminho para traçarmos novos e alternativos outros caminhos. Aproveitando este novo universo, cujos novos códigos e as novas tradiçoes, como esboços de novas culturas, como a cybercultura, nos possibilitam testar e testar, experimentar e experimentar... aprender, ensinar e crescer.

Aqui, em TEMPUS FUGERE, você encontrará um novo tipo de abordagem sobre as coisas. Desde humor descompromissado até análises e entrevistas com convidados das mais diversas áreas.

Aqui o Tempo não passa, afinal, aqui, nós ainda não definimos o que nos será o tal Tempo. E acreditamos plenamente na Realidade Criada, e não na Realidade Consensual. A palavra da grande mídia em Tempus Fugere não vale mais ou menos. O nosso assunto é com o leitor e é unicamente a ele que devemos servir e dele nos servir.

Bem-vindo a um tempo novo, um tempo onde o próprio tempo não passa, ou passa rápido demais.

Tempus Fugere