quinta-feira, fevereiro 23, 2006

O Blog Cresce, Mas Não Aparece

Quem diria!!!
Somos todos, nós contribuidores deste projeto de construção da informação, vítimas de nosso grande medo: a queda por entre os infinitos e infindáveis labirintos da internet. Apesar de termos conseguido um número de posts muito bom, posso perceber que as visitas do TempusFugere não conseguiram sair da mesma média. Estou falando de visitas únicas, isto é, usuários que conheceram ou retornaram ao blog neste dia. Se atualizarmos a janela do navegador cem vezes, conseguiremos cem visitas, mas apeans uma visita única.

É justamente esta "visita única" que nos dá base de nosso campo de alcance; e, se eu pudesse usar uma situação para comparar nosso campo de atuação, diria que ele vai alguns metros apenas logo a frente de nossos narizes.

E então "navegadores do tempo", membros e leitores do Tempus Fugere? Qual a receita para aparecer na Internet sem apelar para publicidade paga e métodos condenáveis, como spam?

Aguardo sugestões!!!

sábado, fevereiro 18, 2006

Viva o Google

Isolamento? Como? Tenho que discordar de vocês, a internet nunca nos fez ficar tão juntinhos. Quando que eu poderia ser amigo intimo da Marina Person, se não fosse agora, pelo Orkut? Nunca! E tenho vários outros amigos famosos, posso lhes dizer que até mesmo Barrichello e Schumacher, não só tem Orkut, como são meus amigos, e ao contrário do que muitos pensam, eles são muito legais um com o outro também, só verem seus scraps.

A gigante Google nos dá tudo o que precisamos. Pra quê sair de casa, e ir ver a piscina nova da casa do seu primo? Faça isso pelo Google Earth. É melhor, e você ainda não tem que sujar seu Nike novo naquele monte de entulho da construção. Você quer ler um livro? É pra já! Vá na busca do Google e procure. Alexandria? Quem é essa zinha? A grande biblioteca mundial é o Google. Ou você acha que Alexandre “O” grande conseguiria um exemplar de “Caras” na sua pequena banquinha? Jamais. E não por causa da diferença de tempo da época dele pra nossa, é porque o Google é realmente muito superior.

Agora, o melhor. Se você já leu de tudo, já viu a piscina do seu primo, o que falta? Sair pra tomar uma com os amigos, numa sexta á noite, não é mesmo? Pois o Google nos ajuda nisso também! Reúna todos, no mesmo horário, e entrem na comunidade do Bar do Doca, dentro do Orkut. Pronto! Todos lá. Dá até mesmo pra postar como está a sujeira da mesa. Ou podem fingir que a mesa está limpa também. E quem sabe não encontrem com alguém que acaba de sair, realmente, do bar, e pode dizer como estava por lá? Aliás, não. Melhor não. Esse povo que gosta do mundo real é muito estranho. Mundo real, argh!

Acho que vou investir nas ações do Google.

Mas espere ai. Também falaram do Skype. Bom, mas desse eu não gosto, odeio ter que parar meus downloads no emule pra ficar com taxa maior no Skype. MSN sim, esse quebra todos os nossos galhos. Não falem mal dele, aliás, eu também sou do tempo em que ICQ dominava, mas, ICQ não tem fotinha do lado pra gente poder ficar olhando e teclando. E outra, celular não afasta ninguém. Você que é mão de vaca e não liga pra pessoa, e nem manda uma mensagemzinha. Só de pensar em ter que ir na casa de alguém, e enfrentar o mundo real lá fora, já dá vontade de arrancar meu pé fora. Nosso mundo vai bem assim. Só temos que sair de casa pra trabalhar, e olha lá. Deixem o trabalho pesado para os africanos, ou os chineses, afinal, eles nem podem acessar o Orkut mesmo do lado de lá. Eles nem tem Big Brother. O dia que algum africano reclamar da falta de Big Brother, a ONU coloca uma tv com National Geographyc passando a vida das girafas pra eles, e dizem que o deles é assim. Pronto.

Agora me deixem voltar pra tv, e me juntar aos outros milhões de brasileiros que assim como vocês, adoram o paredão te terça.

A Peculiaridade da "Imagem" na Web

O "depoimento" do colega João Paulo passa por muitas áreas da comunicação que me são saborosas de discutir. De fato, a influência da internet na solidão das pessoas é fato. Assim como todo tipo de comunicação móvel e rápido afasta as pessoas. Quando se pode ligar e dizer um "oi" pelo celular você automaticamente desconsidera a opção de se encontrar com tal pessoa. Na internet não é diferente. Dizem que as madrugadas da Internet são os espaço dos insones e solitários. De fato o é.

No entanto, eu temo muito a radicalização de conceitos matrizes, como o da "Imagem". Afinal, se buscarmos e rebuscarmos conceitos de imagem vamos encontrar muitas definições, cada qual com seu espaço e influência definidos. Creio eu que, no Orkut, por exemplo, a imagem ali trabalhada se aproxima de dois conceitos bases. O primeiro deles já foi pincelado pelo amigo Daniel Gomes, quando citou o voyeurismo e o outro, ainda não sei se está definido por outras publicações, mas me dou a liberdade de inserí-lo, é a busca do NÃO-EU. Curiosidade extremada e improdutiva. Buscar em outrem tudo que o "não-eu" é, e ver como é ser nos outros.

A questão da Imagem vendida, como termina o texto o amigo João Paulo, é uma das grandes discussões em todos os palcos da comunicação moderna. Apesar disso, na Internet, particularmente, esta venda de imagens se dá de maneira peculiar, vejamos.

Nas grandes mídias absolutistas (leia-se jornais, rádios e redes de televisão), o leitor, ouvinte ou telespectador (receptores da mensagem) são meros agentes passivos no ato da edição da mensagem. Podem, é claro, selecionar o que vão entender e qualificar aquilo como útil ou inútil às suas necessidades, mas, mesmo assim, não poderiam estar trabalhando na construção da "imagem vendida", afinal, esta "imagem" é construída pelos anunciants e congêneres.
No caso da Internet, vender produto já é complicado, agora, imaginemos vender imagens. As propagandas na internet, por mais eficientes que pareçam ser, ainda são estáticas, ainda são banners fixos que podem ser ignorados pelo usuário. Ele não tem que ver os banners para continuar navegando, assim como não teria que estar sujeito a eles passivamente. Outro ponto importante é que a internet, particularmente, é o único meio de comunicação que abre espaço para participação irrestrita de seus usuários. Algumas comunidades podem ter moderadores, alguns sites podem ser pagos, mas sempre se consegue o que se quer em outros sites e outras comunidades.

O que quero dizer é simples: como se pode "comprar uma imagem" ou "vender uma imagem" na Internet? Que imagem seria esta? Uma "imagem" construída colaborativamente por milhares de participantes? As meninas de 12 anos na internet que sonham ser loiras e esbeltas não assim o querem por causa da internet, do orkut ou de comunidades correlatas, elas assim o querem por serem bombardeadas, passivamente, por publicidade que quer "vender a imagem perfeita".

O ócio e a Internet

Minhas férias foram um passeio entre leitura, Internet, jogos online e bate-papo. Nunca o ócio me fez tão bem. Acordar três horas da tarde, dormir às seis, quando o relógio de casa desperta. Descobrir que estamos velhos demais para conviver com nossos pais, com ordens e regras impostas. Minhas férias também serviram para comprovar que o amor que queremos e esperamos pode ser cruel e indigesto demasiadamente. E que ter auto-controle é a coisa mais complicada do mundo. Enfim, esses vários dias reafirmaram tudo que eu via e muitas vezes não aceitava.
Mas curioso mesmo foi atestar como as pessoas se agarram em qualquer coisa para enganar sua solidão. E como crescemos e ficamos cada vez mais sós, na medida em que o tempo passa, descobrimos que o único caminho é ficar consigo mesmo.
Difícil explicar isso! Sim é difícil!
É complicado aceitar as pessoas como elas são, queremos “comprar” o melhor produto, mesmo não sabendo definir bem o que seja.
E por que digo isso?
Pois bem! Todo esse tempo ocioso, me foi de grande valia para pesquisar as maravilhas da Internet. Sites de foto de festas, pessoas sorrindo, se mostrando, se promovendo, e no fim se remoendo. Sites de relacionamento, do qual o destaque é o Orkut, em que cada participante tenta “vender seu peixe” da melhor forma que lhe convém. Engraçado que no Orkut todos adoram ler grandes clássicos do senso comum, grandes autores, grandes filósofos. Mas para vender melhor seu peixe vale a penas até colocar livro que nunca leu, afinal, só compramos o mais inteligente, o mais cult. Em outras palavras, por que vou dizer a verdade se poso mentir e parecer bem mais interessante? Há também os mecanismos de mensagens instantâneas. Esses sim são o paraíso dos solitários. Eu particularmente uso Skype e MSN, e discordando do post anteriores não gosto do ICQ apesar de ser da era dele. MSN uso mesmo pra conversar com amigos e alguns conhecidos. Mas o Skype é o paraíso dos insones, solitários, angustiados e afins. Com o modo Skype-me tem-se a possibilidade de se deixar conectar ao mundo inteiro bem como se conectar diretamente nele. As pessoas vão adicionando ocasionalmente e tentando encontrar um perfil que se encaixe. Eu mesmo já fui abordado por diversos tipos. Um português que queria apenas conversar. Uma polonesa apaixonada por latinos, que segundo ela são os homens mais bonitos e românticos do mundo. Estereótipos a parte, um bando de asiáticos, achando que o Brasil é sexo, sexo e prostitutas; como um indiano que me pediu pra traduzir uma conversa dele com uma brasileira e presenciamos o ridículo dele tendo um sonoro orgasmo virtual. Um francês que queria fazer sexo virtual com meninos, um jordaniano com o mesmo intuito, e pior ainda um indonésio casado que queria vir ao Brasil se encontrar comigo, sem ao menos me perguntar meu nome. Umas duas mulheres que insinuaram um ato sexual. Teve até um mulçumano, turco, que veio protestar comigo sobre as charges dinamarquesas, e dos infiéis do ocidente. Pois bem, de todos esses ainda tenho na minha lista a polonesa, com quem gosto de conversar, e que no cúmulo da solidão (talvez não) chegou a me dizer até um “eu te amo”. Restaram na minha seleta lista o português, alguns amigos, e alguns outros com quem falo muito pouco. Todos os outros citados foram excluídos, é claro, quando revelaram suas reais intenções.
Só tenho uma quase certeza. Tudo isso. Tudo. “Skypes”, “orkuts”, “fotos” e derivados são apenas fugas para escapar da solidão, do medo e principalmente do fracasso. Fracassos sociais, amorosos e ideológicos. Imagem é tudo, não é mesmo?! Então vista sua e seja feliz.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Orkut e conteúdo colaborativo: uma união inusitada

O Orkut tomou o Brasil de assalto. Desde meados de 2004, quando o site de relacionamentos teve um crescimento digno da economia chinesa, diversas reportagens, artigos e até teses científicas trataram do assunto no intuito de discutir, e teorizar, o incrível sucesso dessa empreitada virtual. Principalmente no nosso país, que hoje representa algo em torno de 70% do universo de usuários do site.

Muito se discutiu a respeito da razão pela qual o Orkut se tornou tamanho sucesso. O fato de ser uma experiência virtual sem precedentes para inúmeros brasileiros é uma das prováveis razões. A outra é o poço de vaidades e egos em que se tornou o ambiente da telinha azul, onde podemos nos tornar fãs dos amigos queridos, da própria mãe e, por que não, daquela gata com quem queremos um “algo” a mais.

Claro, há também a possibilidade de nos tornarmos voyeurs absolutamente anônimos, indo e vindo nos profiles das pessoas por quem nos interessamos e mesmo aquelas que nunca vimos. A bisbilhotice e a fofoca agora têm um correspondente virtual: os scraps.

Tudo isso é parte integrante do que impulsionou o Orkut a ser um dos endereços mais acessados pelos brasileiros na internet. Mas o mais curioso, e o que o Orkut tem de mais valioso, é pouco discutido pelos meios de comunicação em geral: as comunidades.

É sabido que os seres humanos se agrupam geralmente por grupos familiares e também por grupos de afinidade. O Orkut potencializou esses encontros à enésima potência, criando a possibilidade de descobrirmos pessoas com gostos e interesses os quais jamais imaginamos compartilhar com alguém. As comunidades guardam a grande galinha dos ovos de ouro do site. É nelas que o Orkut se transforma, em muitos casos, em verdadeira fábrica de conhecimentos e troca de experiências. O usuário paciente e que está interessado em determinado assunto pode, com alguns cliques, descobrir grupos de experts em exatamente aquilo que ele necessita saber.

Espaços que discutem filmes, softwares para computador, composição musical, programação, matemática, jornalismo, enfim, a cada discussão nessas comunidades, criamos parâmetros para formar nossa própria opinião acerca de um assunto e expandir nosso conhecimento sobre outro. Um espaço democrático que, salvo exceções, permite a toda e qualquer pessoa expressar sua opinião e contribuir para o bolo de conhecimento que ali se forma.

Infelizmente, por vezes, a moderação (que também podemos chamar de edição) é pouco exercida e pode, inclusive, estar na mão de pessoas que realmente não sabem medir o valor daquilo que “vigiam”. Como todo site de conteúdo colaborativo, o Orkut está sujeito a ser mal utilizado justamente por ser um espaço quase anárquico.

É preciso então separar o joio do trigo. De fato, existem as comunidades que unem o inútil ao desagradável. Infelizmente, por ser um site interativo, do Orkut é feito o que os usuários quiserem. De um ambiente pacífico e inteligente, pode vir a se tornar uma grande lata de lixo virtual.

É bom recuperar a discussão que o colega Pedro Penido iniciou no post abaixo a respeito das verdades absolutas. Diferentemente do que ele aponta na enciclopédia virtual de conteúdo colaborativo Wikipedia (www.wikipedia.org), o Orkut é sim um espaço onde a construção do conhecimento ocorre paulatinamente, de acordo com a participação dos próprios usuários. Por se tratar de um sistema com threads ou posts que permitem replies (respostas), o site permite que o usuário tenha contato com a idéia inicial e que, concordando ou discordando, possa adicionar um comentário que, por sua vez, poderá ser rebatido e assim por diante. Cabe questionar a qualificação daqueles que discutem, mas isso é assunto para outro post.

Dentro dessa linha, mas com muito mais organização, valem como sugestão os sites Webinsider (http://www.webinsider.com.br/) e Digestivo Cultural (http://www.digestivocultural.com.br/) além, é claro, do Observatório da Imprensa (http://www.observatoriodaimprensa.com.br/). São todos sites de conteúdo colaborativo, uns com sistema de resposta e outros não, mas todos rigidamente controlados (ou seja, editados) para que haja o máximo de qualidade intelectual em cada post, de forma a construir um conhecimento mais sólido e rico.

De toda forma, é por essa razão, as comunidades, que os críticos do Orkut deveriam repensar suas posições. O site em si jamais é a causa dos problemas que lá ocorrem. A falta de discrição e bom senso levam muitas pessoas a cometer o malfadado “orkuticídio”. Entretanto, mesmo sem ter a posse dos dados oficiais, é razoável afirmar que a maioria das pessoas que se auto-excluem do site têm razões particulares relacionadas a pessoas próximas para tal ato. Deixam para trás a dor de cabeça das fofocas vazias, mas também abrem mão de um maravilhoso conteúdo que apenas começa a ser explorado. A internet é um espaço democrático e, acima de tudo, com conteúdo construído coletivamente, o conteúdo colaborativo. Essa é a maior vantagem da grande rede: a de poder se rebelar contra as verdades absolutas. Por isso, navegar é preciso e o Orkut também é preciso.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Wikipedia e as Verdades Absolutas

Esta tarde, em mais uma engrandecedora conversa com o colega jornalista e amigo Daniel Gomes (membro deste blog) deparei-me com uma grande questão, que até então estava ainda imersa em obscuras dúvidas. Até o momento de nossa conversa eu mantinha, ainda não sei porquê, a concepção de que o Wikipedia era uma enciclopédia com verbetes fixos e sistemas de "comentário" e "re-atualizações" que manteriam tais verbetes no palco de discussão da comunidade, abrindo espaço para diversos pontos de vista.

No entanto, ao acessar o Wikipedia e entrar em verbetes de temas mais amplos, como Comunismo e Templários, eu me dei conta de que no sistema Wiki cada um pode mudar o texto original do site, isto é, mudar o conteúdo de maneira que os visitantes pós-mudança jamais saberão o que existia ali antes das modificações feitas pelo usuário. Isto é, mesmo explorando a capacidade da comunidade virtual de trabalhar conteúdos, o Wikipedia ainda mantém a todo vapor o sistema de verdades absolutar, onde cada verbete é mudado de acordo com a vontade do visitante, sem permitir que as "mudanças" sejam apresentadas em blocos de textos diferentes, o que caracterizaria um a espécie de pontos de vista.

Talvez o Wikipedia seja um braço virtual da imposição de significado da nossa realidade. Tornamo-nos, há uns tempos, dependentes das enciclopédias, depois dos jornais, depois das rádios e televisões. Apesar de na Internet a questão do território eternamente neutro (conceito que ainda pretendo trabalhar neste espaço) ser um fato, grandes idéias e grandes blocos web ocupados por sites gigantescos, como o Wikipedia, acabam pecando por não experimentarem as novas possibilidades e optarem pela mera reprodução dos sistemas de informação tradicionais.

Vejo o Wikipedia agora como uma enciclopédia virtual que nada mais faz que se permitir reeditar, mas impede-se de acompanhar ou fomentar as mudanças no trato da informação, informação esta que deveria ser "construída"... Verdades coletivas.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Para no sentirme solo ...


...por los siglos de los siglos.

Tudo que temos em comum é a ilusão de estarmos juntos. É contra a ilusão dos remédios lícitos que lutamos para romper o isolamento. Ao produzir o isolamento, a sociedade contemporânea assina sua própria sentença de morte. Estamos imersos a uma sociedade individualista. Vivemos em tempos de profunda solidão onde os valores são reduzidos ao final do mês e à fatura do cartão de crédito. Estamos em uma sociedade de consumo onde pressupõe-se que a liberdade é poder comprar e viajar. Falando nisso, como é fácil ir a Miami e passar o final de semana. Glauco e Lurdinha que o digam - a novela acabou mas continua no imaginário.

Canalizamos nossas vontades e liberdades (porque não libertinagem?) nas 29 polegadas de nossa sala.

Putz !!! O alarme dispara! Será que estão adentrando em minha fortaleza? Deve ser a bola de futebol dos moleques na rua jogando... moleques na rua? Ôôôô! Sô! Em que década estou? Como a piadinha rasteira e infame de sábado à noite: “isto não te pertence mais!” É triste, mas não nos pertence MESMO!

A praça é do povo, disse o poeta. Já, na placa, está escrito: PROPRIEDADE DA MBR. A maioria das praças, muitas restauradas pela mineradora, são para deixarmos nossos corações sadios. Afinal, o trabalho sedentário os machuca não é verdade? Logo, vamos colocar nossas viseiras, aqueles tênis brancos, meias soquetes, camisa levemente arregaçada nas mangas e fazer o ballet. Como cordeirinhos, a passos largos, vamos desentupindo nossas artérias. Estava me esquecendo do cachorrinho de estimação também estressado à nossa frente cheirando os passos do colega da frente. Logo, as crianças não estão na praça a jogar bola. Estão em algum chat, criando alguma comunidade no Orkut, tomando refrigerante ou comendo pizza fria. Pais, não se preocupem! Eles não terão problemas cardíacos. Vão fazer cooper no futuro ou escalarão algum paredão onde um dia foi uma montanha. A mineradora dona da praça deixou para eles.

Vivemos em um profundo isolamento.

Se imagine, em um bar com profunda melancolia e de súbito, fazer decolar uma garrafa ou um copo na parede e ninguém se perturbar. Decepcionado na expectativa, você é expulso. Contudo, o seu gesto encontrava-se, virtualmente, na cabeça de todos. Só você concretizou, só você cruzou o primeiro cinturão radioativo do isolamento: o isolamento interior, essa separação introvertida do mundo exterior e do “eu”. Como os blousons noir (ou blusões negros) – nome como eram conhecidos na França os jovens delinqüentes, que agiam em grupos, principalmente nos subúrbios das cidades francesas – você com sua atitude, foi condenado ao exílio enquanto os outros ficam também exilados, porém, na sua própria existência. Você ainda não escapou ao campo magnético do isolamento. Digamos, está em gravidade zero. Contudo, no fundo da indiferença que o acolhe, você consegue ouvir melhor agora seu próprio grito. Consegue libertar-se de uma das amarras. Da próxima vez, a ação tem que ser mais alta, mais estridente para causar um impacto maior. Eis que surge a trinca, a fissura nas superestruturas.

Em tempos sombrios e reducionistas o que nos resta ?

Para não me sentir só, pelos séculos dos séculos.

Hasta.

ICQ e MSN: duelo de titãs

Talvez os usuários de itnernet mais antigos se lembrem do bom e velho ICQ. Ferramenta fantástica que realmente lançou as bases para a comunicação instantânea. Creio que a história da internet doméstica possa (e deva) ser dividida em duas grandes fases: pré e pós-ICQ. De fato, quase todos da "velha guarda" da internet ainda mantém o ICQ ligado em suas máquinas, afinal, o velho ICQ nunca trava, nunca cai, nunca sofre com servidores sobrecarregados, dificilmente é facilitador de problemas com vírus e congêneres...

O ICQ é simplesmente fantástico, mas, a grande questão é, por que ele "saiu de moda"? A resposta não exige muita reflexão. Basta se perguntar qual é a grande diferença do ICQ para o MSN? A interface gráfica.

O MSN aproxima o usuário de um aspecto gráfico extremamente rico, com uma formatação de texto simples e janela contínua de chat seguindo esta interface, diferente do ICQ, que mantinha um "histórico" do chat, mas não tão organizado quanto o MSN, em termos de gráfico. A verdade é que os tais "smileys" foram a grande jogada dos produtores do MSN. Rapidamente qualquer um poderia personalizar uas mensagens via smiley e assim o usuário estaria seduzido. Para acessar o MSN basta se registrar no programa com uma conta de email válida, coisa que o ICQ jamais exigiu.

Com o passar do tempo a quantidade de smileys tornou-se absurda; e comunicar com outras pessoas tornou-se complicado, afinal, eram e são tantos smileys na tela da máquina que ficou complicado entender o que o outro usuário queria dizer. Na verdade, eu jamais usei os recursos smileys do MSN e nunca senti a menor falta.

Quem aqui nunca abriu seu MSN e se deparou com uma pessoa que não faz a menor idéia de quem é? Muitas vezes as pessoas mudam seus "nicks" e para nos certificarmos de quem é, devemos ou passar pela inconveniente experiência de perguntar à pessoa quem ela é ou ter ótima memória para guardar os emails de todos os seus contatos do MSN, afinal, tudo pode mudar, exceto o endereço de email cadastrado.

A integração com outros aspectos midiáticos web, como webcam e áudio contínuos foi outro ponto do MSN que chamou a atenção. Milhares de novos usuários vieram para o MSN e o ICQ ficou largado às moscas (se formos comparar com o acesso do público há uns anos). Na verdade, acho que foi ótimo. Quem realmente quer se comunicar de maneira rápida e eficiente, mandar e receber arquivos de maneira mais segura e manter histórico de mensagens, além de personalizar o nome dos amigos, usa o ICQ. Quem quer apenas se divertir com as coisas boas e sem seriedade da vida, usa MSN.

Banners para Divulgação! Sugiram...

VAMOS DIVULGAR O TEMPUS FUGERE AMIGOS...
ALGUNS BANNERS... ACEITO NOVOS BANNERS E ARTES!

Agora é hora de crescer, crescer... crescer!














Impressões Prestes Maia



Peço a permissão ao moderador para publicar este assunto. Além da palavra, acredito que cabe aqui também a palavra em movimento, ou melhor, a imagem em movimento. Neste caso, um ato de solidariedade.
Este é um ensaio de um documentário da maior ocupação em um centro urbano da América Latina. O edifício Prestes Maia, se localiza na cidade de São Paulo, na Av. Prestes Maia, 911 - Região da Luz no centro. Para saber mais sobre a ocupação acesse:
Para assinar a petição on-line e dar um apoio às 468 famílias:
Assista ao vídeo clicando nos links:
ou
Em Solidariedade.

Recortes ou retalhos ?

Por influência de um terrorista poético, Hackin Bey, publico aqui este recorte-retalho. Pablo Morini Pontone, agora com quase quatro meses é mais um provocadorzinho que me inspira a constantes provocações:

Primeiro Ato:

ESTRANHAS DANÇAS NOS SAGUÕES de Bancos 24 Horas. Shows pirotécnicos não autorizados. Arte terrestre, trabalhos-telúricos como bizarros artefatos alienígenas espalhados em Parques Nacionais. Arrombe casas, mas, ao invés de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas. Rapte alguém e faça-o feliz. Escolha alguém aleatoriamente e convença-o de que ele é herdeiro de uma enorme, fantástica e inútil fortuna: digamos 8000 quilômetros quadrados da Antártida, ou um velho elefante de circo, ou um orfanato em Bombaim, ou uma coleção de manuscritos alquímicos. Mais tarde, ele irá dar-se conta de que acreditou por alguns poucos momentos em algo extraordinário, & talvez, como resultado, seja levado a buscar uma forma mais intensa de viver. Pregue placas comemorativas de latão em locais (públicos ou privados) onde experimentaste uma revelação ou tiveste uma experiência sexual particularmente especial, etc ... Ande nu por aí.

Segundo Ato:

A praça, a rua, o beco (ou gueto), a favela (outros guetos). A cidade - O Centro Urbano - o cAoS. Tudo o que participa de nossa vidas. Da janela do ônibus, do carro, da bicicleta, de nossas lupas. De tempos em tempos, retorna na história da cultura humana o surto do iconoclasmo [do grego "eikon", imagem + klasmos, ação de quebrar]. Manifesto sobre a forma do horror às imagens, denúncia de sua ação danosa sobre os homens e a destruição pública de todas as suas manifestações materiais.

Do som de um orgasmo vindo do motel ao leve som dos refrigeradores dos açougues nas madrugadas. Da ocupação do espaço público institucionalizado ao happening em um domingo farto de acarajés e espetinhos. Pequenos detalhes de nosso cotidiano que não percebemos.

É natal !!!! Enfrenta-se poluições sonoras e visuais, congestionamentos de automóveis, ruas e lojas superlotadas, preços abusivos por mercadorias na maioria das vezes supérfluas.

Epílogo

Da próxima vez que você encontrar um artista de Belo Horizonte, preste bastante atenção nos seus movimentos, na sua respiração e, principalmente, na coloração pálida de sua pele. É bom que tal criatura não perceba sua bisbilhotice logo de início, para que os resultados da análise não sejam comprometidos por possíveis números de ilusionismo e paranormalidade. Se possível, cheque também a temperatura corporal e a vibração das cordas vocais. Pronto, depois disso não há mais o que temer. Todas as providências cabíveis serão tomadas por equipe médica altamente qualificada e, em casos de urgência, um fiscal de trânsito poderá ser acionado.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Verdades Coletivas

Recentemente, conversando com um amigo, fui questionado sobre a validade das informações adicionadas aos verbetes do Wikipedia. De fato, esta validade muitas vezes é, correta e devidamente, questionada. Mas creio que em muitos casos ainda temos medo de sair dos "abrigos" criados pela grande mídia para encararmos o mundo de um modo mais pessoal.

Eu, por exemplo, até conhecer outros veículos de informação da Internet, sempre entendia que o que está no jornal ou na TV é fato concreto e verdadeiro. Eu me contentava em saber que a mídia estava me oferecendo aquilo que eu devia saber e jamais eu, um reles mortal, poderia desconfiar ou desacreditar no que a Rede Globo, a Folha de São Paulo ou mesmo a CNN me diziam.

Estamos acostumados como este bombardeio de verdades que nos são impostas, e muitas vezes conferimos a veracidade de um tal acontecimento em outras mídias que são supridas pelos mesmo fornecedores da notícia anterior. Resumindo, lemos algo que nos faz desconfiar; daí procuramos outra publicação que diz o mesmo, usando outras palavras; pronto, estamos agora seguros de termos sabido a verdade.

Grandes grupos midiáticos e corporações influenciadoras em tais grupos tiveram seu tempo de controlar a opinião mundial através de suas "edições" da verdade por eles mesmos "pautada".

Mas agora, com a Internet, com este novo universo de possibilidades, as coisas serão diferentes. Grandes comunidades são capazes de opinar sobre grandes temas. E pontos de vista variados podem suprir as necessidades dos mais rigorosos questionadores. O diálogo possibilitado pelas Comunidades Online é inigualavelmente poderoso e, pela primeira vez na história, pessoas comuns, aqueles tais "reles mortais", deram furos de reportagem nas maiores empresas da mídia. Deixaram de ser membros de uma classe consumidora de verdade para passarem adiante seus pontos de vista e construirem, juntos, as verdades a serem lidas. Cada qual se policiando e policiando o outro.

Questões de Perspectiva

Estudos da IBM indicam que aproximadamente 600 milhões de pessoas têm acesso constante à Internet atualmente. Através de conexões em casa (banda larga e discada), além dos outros milhões que acham nas Universidades e Lan Houses acesso livre ao mundo virutal. Este número, no entanto, dá uma idéia mínima do potencial de acesso da geração que encontra a Internet nos dias de hoje.

Relevando que a televisão, como mídia organizada e não mais experimental, demorou mais de 20 anos para alcançar seu espaço e compreendê-lo, dentro das esferas sociais. Nestes 20 anos a TV conseguiu encontrar sua linguagem e os métodos de trabalhar as vontades e necessidades da audiência. Prova disso é que os programas de TV passaram anos usufruindo da linguagem radiofônica.

No entanto, trata-se de uma situação diferente, quando resolvemos observar a Internet. A Televisão eo Rádio são mídias que atingem uma audiência passiva. Quando se trata de Internet deve-se levar em conta que o usuário também é, de alguma maneira, produtor de conteúdo. As constantes e inovadoras linguagens de trabalho na web, desde as de programação web, como o HTML ou PHP, até os métodos eficazes de atingir um nível de comunicação saudável com o leitor, ainda são extremamente experimentais, uma vez que a própria rede ainda se estrutura em caráter experimental.

De fato, com o barateamento constante das tecnologias de informação, como telefonia móvel e os próprios equipamentos (e serviços) para acesso bandalarga, devemos encarar a Internet como um universo em expansão, que não pode ser ignorado, principalmente em relação à interatividade entre seus usuários. Se hoje são 600 milhões, nos próximos 5 anos serão 1 bilhão de pessoas, ou mais. E então? Como o mundo web será?

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Nasce o TEMPUS FUGERE

"E antes eram apenas o Caos e o Tempo..."

O Tempo. Senhor soberano de todas as formas de vida, de todos os credos, de todos os sonhos, de todos os medos. O tempo é uma aventura e somos exímios aventureiros. Driblando o destino, apesar de não acreditarmos nele e sabermos que não passa de uma força de expressão para sentirmo-nos alicerçados de alguma maneira por algo além; pode ser um deus qualquer, pode ser o tempo, pode ser o tal "destino".

Eis aqui um caminho para traçarmos novos e alternativos outros caminhos. Aproveitando este novo universo, cujos novos códigos e as novas tradiçoes, como esboços de novas culturas, como a cybercultura, nos possibilitam testar e testar, experimentar e experimentar... aprender, ensinar e crescer.

Aqui, em TEMPUS FUGERE, você encontrará um novo tipo de abordagem sobre as coisas. Desde humor descompromissado até análises e entrevistas com convidados das mais diversas áreas.

Aqui o Tempo não passa, afinal, aqui, nós ainda não definimos o que nos será o tal Tempo. E acreditamos plenamente na Realidade Criada, e não na Realidade Consensual. A palavra da grande mídia em Tempus Fugere não vale mais ou menos. O nosso assunto é com o leitor e é unicamente a ele que devemos servir e dele nos servir.

Bem-vindo a um tempo novo, um tempo onde o próprio tempo não passa, ou passa rápido demais.

Tempus Fugere