sábado, fevereiro 18, 2006

A Peculiaridade da "Imagem" na Web

O "depoimento" do colega João Paulo passa por muitas áreas da comunicação que me são saborosas de discutir. De fato, a influência da internet na solidão das pessoas é fato. Assim como todo tipo de comunicação móvel e rápido afasta as pessoas. Quando se pode ligar e dizer um "oi" pelo celular você automaticamente desconsidera a opção de se encontrar com tal pessoa. Na internet não é diferente. Dizem que as madrugadas da Internet são os espaço dos insones e solitários. De fato o é.

No entanto, eu temo muito a radicalização de conceitos matrizes, como o da "Imagem". Afinal, se buscarmos e rebuscarmos conceitos de imagem vamos encontrar muitas definições, cada qual com seu espaço e influência definidos. Creio eu que, no Orkut, por exemplo, a imagem ali trabalhada se aproxima de dois conceitos bases. O primeiro deles já foi pincelado pelo amigo Daniel Gomes, quando citou o voyeurismo e o outro, ainda não sei se está definido por outras publicações, mas me dou a liberdade de inserí-lo, é a busca do NÃO-EU. Curiosidade extremada e improdutiva. Buscar em outrem tudo que o "não-eu" é, e ver como é ser nos outros.

A questão da Imagem vendida, como termina o texto o amigo João Paulo, é uma das grandes discussões em todos os palcos da comunicação moderna. Apesar disso, na Internet, particularmente, esta venda de imagens se dá de maneira peculiar, vejamos.

Nas grandes mídias absolutistas (leia-se jornais, rádios e redes de televisão), o leitor, ouvinte ou telespectador (receptores da mensagem) são meros agentes passivos no ato da edição da mensagem. Podem, é claro, selecionar o que vão entender e qualificar aquilo como útil ou inútil às suas necessidades, mas, mesmo assim, não poderiam estar trabalhando na construção da "imagem vendida", afinal, esta "imagem" é construída pelos anunciants e congêneres.
No caso da Internet, vender produto já é complicado, agora, imaginemos vender imagens. As propagandas na internet, por mais eficientes que pareçam ser, ainda são estáticas, ainda são banners fixos que podem ser ignorados pelo usuário. Ele não tem que ver os banners para continuar navegando, assim como não teria que estar sujeito a eles passivamente. Outro ponto importante é que a internet, particularmente, é o único meio de comunicação que abre espaço para participação irrestrita de seus usuários. Algumas comunidades podem ter moderadores, alguns sites podem ser pagos, mas sempre se consegue o que se quer em outros sites e outras comunidades.

O que quero dizer é simples: como se pode "comprar uma imagem" ou "vender uma imagem" na Internet? Que imagem seria esta? Uma "imagem" construída colaborativamente por milhares de participantes? As meninas de 12 anos na internet que sonham ser loiras e esbeltas não assim o querem por causa da internet, do orkut ou de comunidades correlatas, elas assim o querem por serem bombardeadas, passivamente, por publicidade que quer "vender a imagem perfeita".

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