segunda-feira, fevereiro 13, 2006


Recortes ou retalhos ?

Por influência de um terrorista poético, Hackin Bey, publico aqui este recorte-retalho. Pablo Morini Pontone, agora com quase quatro meses é mais um provocadorzinho que me inspira a constantes provocações:

Primeiro Ato:

ESTRANHAS DANÇAS NOS SAGUÕES de Bancos 24 Horas. Shows pirotécnicos não autorizados. Arte terrestre, trabalhos-telúricos como bizarros artefatos alienígenas espalhados em Parques Nacionais. Arrombe casas, mas, ao invés de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas. Rapte alguém e faça-o feliz. Escolha alguém aleatoriamente e convença-o de que ele é herdeiro de uma enorme, fantástica e inútil fortuna: digamos 8000 quilômetros quadrados da Antártida, ou um velho elefante de circo, ou um orfanato em Bombaim, ou uma coleção de manuscritos alquímicos. Mais tarde, ele irá dar-se conta de que acreditou por alguns poucos momentos em algo extraordinário, & talvez, como resultado, seja levado a buscar uma forma mais intensa de viver. Pregue placas comemorativas de latão em locais (públicos ou privados) onde experimentaste uma revelação ou tiveste uma experiência sexual particularmente especial, etc ... Ande nu por aí.

Segundo Ato:

A praça, a rua, o beco (ou gueto), a favela (outros guetos). A cidade - O Centro Urbano - o cAoS. Tudo o que participa de nossa vidas. Da janela do ônibus, do carro, da bicicleta, de nossas lupas. De tempos em tempos, retorna na história da cultura humana o surto do iconoclasmo [do grego "eikon", imagem + klasmos, ação de quebrar]. Manifesto sobre a forma do horror às imagens, denúncia de sua ação danosa sobre os homens e a destruição pública de todas as suas manifestações materiais.

Do som de um orgasmo vindo do motel ao leve som dos refrigeradores dos açougues nas madrugadas. Da ocupação do espaço público institucionalizado ao happening em um domingo farto de acarajés e espetinhos. Pequenos detalhes de nosso cotidiano que não percebemos.

É natal !!!! Enfrenta-se poluições sonoras e visuais, congestionamentos de automóveis, ruas e lojas superlotadas, preços abusivos por mercadorias na maioria das vezes supérfluas.

Epílogo

Da próxima vez que você encontrar um artista de Belo Horizonte, preste bastante atenção nos seus movimentos, na sua respiração e, principalmente, na coloração pálida de sua pele. É bom que tal criatura não perceba sua bisbilhotice logo de início, para que os resultados da análise não sejam comprometidos por possíveis números de ilusionismo e paranormalidade. Se possível, cheque também a temperatura corporal e a vibração das cordas vocais. Pronto, depois disso não há mais o que temer. Todas as providências cabíveis serão tomadas por equipe médica altamente qualificada e, em casos de urgência, um fiscal de trânsito poderá ser acionado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom... Mas sugere uma séria absência de oxigenação cerebral. (: